As mentiras que são contadas em rede social e o ataque ao body piercing

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Essa semana circulou no Facebook um caso que merece a atenção de todos da comunidade da modificação corporal nacional e talvez até mesmo internacional.
Uma senhora de Alagoas publicou uma imagem de uma pessoa – de nome Sandra, supostamente uma prima da autora – com o rosto completamente desfigurado e com um texto que ligava a enfermidade com um piercing inflamado no nariz. A postagem dizia ainda que Sandra se encontrava hospitalizada, que a operação que ela precisaria fazer não seria barata e que gostaria que o caso chegasse no Marcelo Rezende, apresentador da Record. O texto se fechava com um agradecimento à Deus e essa informação precisa ser guardada.

A imagem era chocante, o caso era chocante e automaticamente as pessoas começaram a compartilhar na rede social e automaticamente a atacar e condenar a prática do body piercing. Tão logo o body piercer Silas de São Paulo soube da situação, apresentou o caso para Associação de Tatuadores e Perfuradores do Brasil, afim de discutir e principalmente averiguar a veracidade da denúncia. Veja bem, o texto dizia que o piercing havia inflamado e isso teria colocado a vida de uma pessoa em risco. Algo muito sério e que até hoje não havia acontecido. A APTB fez um pronunciamento público, no intuito de ajudar esta pessoa e ao mesmo tempo apurar melhor os fatos. Você pode ver o texto CLICANDO AQUI.

A partir de então o responsável pela ATPB, começou uma intensa busca de informações, entrando em contato com a responsável pela postagem, com médicos e até com o hospital mencionado na denúncia.
A postagem original foi deletada, todavia, foram feito prints desta e aqui a anexamos. Percebam a quantidade de compartilhamentos, 219.376 até o momento do print screen.

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A senhora responsável pela postagem não respondeu nenhuma das pessoas que entraram em contato com ela. Inclusive os jornalistas que se solidarizam com a questão foram ignorados. Entrando em contato com o hospital a qual foi mencionado na postagem e  procurando pelo nome Sandra Maria de Lima, ninguém tinha informação sobre essa internação. Nenhum dos principais hospitais da cidade tinha esta informação também. O caso se tornou nebuloso e nos faz crer que não passa de uma mentira e consequentemente uma acusação falsa sobre a prática do body piercing.

A partir desse momento desse momento alguns perfuradores profissionais começaram uma pesquisa virtual para afrontarem a imagem publicada. O responsável pela ATPB nos contou que assim chegaram em numa doença conhecida como Fasciite Necrosante, muito similar ao caso da foto, a qual a infecção degenera literalmente a pele humana.

As pesquisas sobre a origem da postagem levaram então para duas senhoras evangélicas: a que dizia ser prima de Sandra e uma outra cidadã, casada com pastor evangélico e com inúmeras publicações de cunho religioso. Podemos ver a repetição da imagem no perfil dessa segunda cidadã, conforme nos mostra o print.

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Cabe mencionar que houve tentativa de contato com as duas senhoras e tanto uma como a outra não responderam.
Aqui vocês podem conferir mas um post da suposta prima, sobre o estado de saúde de Sandra ou a perpetuação de uma mentira.

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O caso aqui apresentado foi aparentemente inventado, qual o real intuito por trás, a gente não sabe. Mas o que nos parece é que foi uma tentativa de cristãs fanáticas de atacarem uma prática, e tão logo um grupo de profissionais, através da mentira. Não com aquele velho texto que diz que “isso é coisa do diabo e você vai para o inferno”, mas com um discurso que nas entrelinhas diz “isso é coisa do diabo e você vai sofrer aqui”. Para isto acabou contando com o uso de uma imagem chocante (que assustadoramente as pessoas adoram compartilhar em rede) e com algumas poucas palavras falsas. Para nós isso tem um nome, crime virtual.

Por sorte os perfuradores corporais do Brasil fizeram essa pesquisa com muito afinco e nos trouxeram luzes para esse caso assombroso. Que aponta o quanto o senso crítico está sendo colocado de lado pela população (basta ver a quantidade de compartilhamentos da imagem) e como esses grupos religiosos estão apelando das maneiras mais sórdidas para atacarem aquilo que é considerado errado ou pecaminoso por eles.

As imagens estão sendo reportadas ao Facebook e na maioria dos casos, não são deletadas com a resposta de que “não viola” o “padrão da comunidade na categoria violência gráfica”. Por bem menos tivemos nossa página bloqueada por sete dias e imagens deletadas. Facebook e sua política equivocada.
O caso foi denunciado ao Ministério Publico de Maceió, Alagoas. As investigações devem continuar.
Qualquer novidade referente ao caso publicaremos aqui.

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