As primeiras suspensões corporais de Uberlândia

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Fotos: Carlos Lee / Divulgação

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É sabido que a suspensão corporal no Brasil alcançou um alto número de praticantes e profissionais, principalmente nos últimos anos. Nos esforçamos em publicar por aqui um pouco do que acontece nesse meio, mas reconhecemos ser impossível visto a quantidade de pessoas e ainda da vasta área geográfica brasileira. Pelo que sabemos através de registros, muitas cidades brasileiras já foram cenário para a prática de ficar pendurado através de ganchos. Mas ainda há muitos lugares para se desbravar.
Partindo dessa premissa, o final do ano foi marcado pelas primeiras suspensões corporais em Uberlândia, Minas Gerais. Procuramos conversar com pessoas envolvidas com a prática por lá e não há conhecimento de registros, até agora. Mas não pense que tudo aconteceu de um dia para o outro, houve um preparo e uma série de preocupações para que tudo acontecesse da melhor forma possível. Tivemos a oportunidade de falar com os responsáveis em levar a suspensão para Uberlândia, Carlos Lee e Breno Garcia, e assim entender um pouco mais sobre como tudo se deu. A primeira dúvida que surgiu foi em conhecer qual a principal motivação para que tudo acontecesse, os meninos nos responderam:

“Há alguns anos nós já conhecíamos a suspensão e o interesse de praticá-la foi aumentado concomitantemente com os estudos e os conhecimentos adquiridos ao decorrer do tempo. E somado a inexistência de pessoas que realizassem tais práticas, pensamos em tentar trazer um pouco disso para Uberlândia.”

Obviamente que um processo como este gera uma série de expectativas, como eles pontuaram, “encontrar pessoas que tenham o interesse de conhecer a suspensão e até mesmo praticá-la“, seria um deles.
Há quem pense que a suspensão corporal gire em torno de furar o corpo, amarrar e subir. Engano total. Existe uma série de cuidados e inclusive equipamentos utilizados para que tudo aconteça de forma segura e saudável. Cabe dizer ainda que cada vez mais surgem novos equipamentos ou até mesmo aqueles que são adaptados/emprestados dos esportes radicais, de escaladas e rapel por exemplo.
Sem contar que também existe a resistência em se aceitar a prática, uma vez que ela interfere no corpo de forma bastante clara. Dentro do senso comum a suspensão corporal ainda é considerada “coisa de maluco” ou de “pessoas que não tem o que fazer“. Toda carga milenar de prática social, cultural e histórica não é levada em consideração dentro do senso comum, na verdade se ignora ou se desconhece dado fato. Acreditamos que isso se dá – além de uma série de outros motivos – por serem práticas com raízes em rituais indígenas e hindus, ou seja, fora do eixo judaico-cristão ao qual a sociedade ocidental está fundamentada. O mais curioso e irônico é perceber que mesmo dentro da comunidade body mods, isto é, no meio de pessoas que passaram por modificações corporais (tatuagem, piercing, etc), existe essa resistência de aceitação. A exemplo as grandes conveções de tatuagem e “piercing” que acontecem na cidade de São Paulo (capital), não abrem espaço para a prática. Diferentemente das convenções do interior e principalmente de outros Estados brasileiros. A justificativa que circula quase sempre é a de que a suspensão corporal seja um procedimento muito agressivo para um público não preparado. Texto este que nos soa completamente arbitrário uma vez que a socidade contemporânea é a que mais consome (e produz) violência e mais banalizou o corpo durante toda a história da humanidade. No depoimento de Lee e Garcia podemos ter uma amostra do que falamos acima:

“Aqui em Uberlândia, até mesmo as pessoas adeptas à modificação corporal têm receio em relação à suspensão – algo que imaginamos ter ocorrido em cidades que hoje têm essa prática já disseminada. Além disso, outra dificuldade foi e ainda é encontrar os equipamentos necessários para a prática.”

Centrando agora a discussão nas suspensões de Uberlândia, ficamos ansioso em saber também sobre os resultados alcançados. Quando vimos as primeiras fotos, tivemos a certeza que tudo ocorrera muito bem, o que foi reafirmado pelos meninos.

“Os primeiros resultados foram surpreendentes, pois mesmo com a pouca experiência conseguimos obter sucesso nas primeiras suspensões. O exemplo disso foi a suspensão do Breno, sua primeira.”

Segundo Carlos Lee e Breno Garcia, daqui para frente a ideia é dar continuidade no processo.

“Temos o intuito de dar continuidade a essas práticas de maneira despretensiosa, algo mais relacionado à confraternização entre pessoas com o mesmo interesse.”

As primeiras suspensões de Uberlândia aconteceram em 29 de dezembro de 2012. Se realizaram um knee (por um joelho só) e um suicide de dois pontos, isto é, dois ganchos. Já na virada do ano, Lee realizou um ritual envolvendo a suspensão, dessa vez uma ressurection (dois pontos). Com muito prazer compartilhamos esses registros por aqui.
Uberlândia já sabe como voar!

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