Novo registro de falha com eyeball tattooing no Brasil

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Fotos: Marlise Bravo 10522000_804152962928405_1764181748_n

Temos mais um registro de falha com o eyeball tattooing no Brasil. O procedimento que foi realizado por Rafael Leão, profissional que inseriu a técnica no Brasil há menos de dois anos, apresentou um vazamento que manchou em torno do olho da cliente, Marlise Bravo do Rio de Janeiro. Entrevistamos Marlise para entender através de seu relato, o que vem se passando.

A ideia com a produção da entrevista é documentar o caso e ao mesmo tempo alertar sobre os riscos para as pessoas que pensam em fazer o eyeball tattooing.

T. Angel: O que você levou em consideração para escolher o Rafael Leão para fazer o seu procedimento?
Marlise Bravo: Bem em primeiro lugar eu não conhecia o Rafael Leão, ele esteve na minha cidade (Saquarema) fazendo uma suspensão, que na verdade eu nem assisti. Quem me falou que pintou o olho com o Rafael foi o Ratto e eu achei interessante, mas ficou só uma vontade. Um dia eu resolvi adicionar o Rafael, achei um cara bacana, educado e eu comentei a respeito de que um dia, talvez, eu poderia pensar em fazer o procedimento. Ele disse que seria bacana, em momento algum falou em risco. Com o passar do tempo eu perdi a minha mãe e a minha fuga foi a tatuagem. O Rafael me enviou um recado dizendo que estaria no Rio em uma expo, que ele poderia trazer a tinta para fazer o meu procedimento.

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T. Angel: Você conhecia os riscos?Antes do procedimento ele te informou sobre a possibilidade de riscos?
Marlise Bravo: Eu perguntei, ele me disse que não acontecia nada, que era bacana fazer. Que ele iria fazer um degradê bacana pra mim. Eu não conhecia os riscos, fui uma ignorante admito. Confiei na palavra do profissional, ele em momento nenhum me informou a respeito dos riscos.

T. Angel: O que exatamente aconteceu com o seu olho?
Marlise Bravo: Aconteceu que lá no Rio, em Padre Miguel, eu estava com uma amiga chamada Rafaela. Ele me chamou para ir para uma sala e minha amiga ao se levantar para me acompanhar ele não deixou. Fui para uma sala, tinha ar mais sem higiene nenhuma, pois ele tinha acabado de fazer um procedimento de uma orelha em um rapaz e sangrou muito. Era numa mesa que estava suja de sangue. Eu virei uma almofada, que no caso eu iria deitar… Só achei estranho porque a seringa para ser aplicada em meu olho já estava pronta, enrolada em um plástico. Ele pediu para eu ficar batendo com a seringa na mesa para não criar bolha na hora de fazer o procedimento, eu fiz o que ele mandou. Mandou eu deitar junto com sua esposa, Jessica, e me deu 5 agulhadas. Só que em uma, lembro bem que ele comentou com ela, tipo: “acho que pegou o vaso”. Eu como leiga não imaginava o que me aconteceria. Depois do procedimento meu olho ficou bem pequeno, ardendo e lacrimejando verde. Ele me mandou comprar um colírio, só que nenhuma farmácia vendia sem a receita. Eu estava acompanhada de uma amiga que me levou para a Emergência da Clinica de olhos Santa Beatriz em Niterói, chegando lá o médico de plantão se assustou e disse que meu olho estava muito machucado, chamou o supervisor e mais um médico, me deu a receita do colírio Vigamox, mais um Vidisic Gel e um Hyabak 0.15, um lubrificante. Queria me ver no outro dia, ficar me acompanhando. Essa noite pra mim foi horrível, pois lacrimejava muito. Avisei ao Rafael, ele pediu para eu não procurar médico nenhum porque eles iriam encher minha cabeça (tenho tudo gravado essas coisas ditas pelo Rafael). Eu não tinha outra opção, teria que comprar o colírio, era minha única alternativa.

T. Angel: Existe rumores que você consumiu álcool após passar pelo procedimento, o que você tem a falar sobre isso?
Marlise Bravo: Eu em momento algum consumi álcool. Não bebo, não fumo e outra coisa, se eu tivesse bebido ia acontecer o que? Porque ele não me informou nada a respeito da bebida. Tive um câncer, tenho um nódulo no pulmão, hipoglicemia, tireoide, depressão e agora com o constrangimento que venho passando, as coisas pioraram.

T. Angel: Após perceber que havia um problema, você conversou com o profissional?
Marlise Bravo: Quando percebi que uma parte do meu olho ficou manchada de verde… Embaixo ficou uma mancha verde como se fosse um hematoma. Conversei com o Rafael que me disse que com 45 dias a mancha sairia. Nada de sair, comecei a ficar achando estranho. Ai ele me enviou uma foto do Guilherme, que também sofreu um vazamento, me dizendo que o mesmo já estava bom com 6 meses. Por infelicidade dele, o Guilherme é meu amigo de Face e me disse usar maquiagem. Falei para o Rafael, ele se calou.

T. Angel: Vimos que você menciona a falta de suporte por parte do profissional, o que se passou?
Marlise Bravo: Venho lutando, conversando com ele a respeito de me ajudar nos custos, estou gastando muito. Já fiz 3 sessões de pigmentação e ele em momento algum fala a respeito de me ajudar, me ignora. Ontem eu decidi tomar outra atitude, ele mandou um amigo me ameaçar, me chamar da mulher do Hulk, postou uma foto com uma arma. Acho isso uma atitude de moleque, sou mulher suficiente para mostrar o certo e o errado. Minha advogada falou com ele, mais não adiantou de nada. Tenho muita coisa gravada, em momento algum ele me ajudou em nada.

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T. Angel: A ATPB é declaradamente contra o eyeball tattooing, o que te levou a procurar pela associação?
Marlise Bravo: Para banir esse tipo de profissional que não se preocupa com seus cliente e fazem o procedimento em qualquer lugar e sem higiene nenhuma.

T. Angel: Você se arrepende de ter feito o procedimento?
Marlise Bravo: Sim, me arrependo. Porque desde o momento que fiz venho passando constrangimento, gastando muito e sofrendo com as dores da pigmentação. Já chega as dores da vida. O profissional te chamar da mulher do Hulk, acho meio constrangedor. Afinal de contas ele tinha que proteger seus clientes, não ameaçar. Ele em momento algum foi um profissional. Cometi um erro de deixar essa maldita mão me tocar, guardo comigo o que vai me fazer lembrar dele, são as marcas em meu rosto, constrangimento, dor, etc.

T. Angel: Hoje temos um projeto de lei que pretende criminalizar o procedimento no Brasil, o que você pensa sobre isso?
Marlise Bravo: Concordo plenamente em banir esse procedimento!

T. Angel: Como está a sua saúde hoje?
Marlise Bravo: Hoje me encontro em tratamento. Porque quem tem um câncer nunca deixa de ser acompanhada. Acompanho um nódulo no pulmão. E com isso tudo, o constrangimento… O próprio Rafael mandou o amigo me chamar da mulher do Hulk, isso tudo se torna vergonhoso pra mim. Estou com medicamentos e fazendo tratamento com o psiquiatra Dr. Antonio Carlos A. Salgado. Tomando antidepressivo e muitos outros. Não vou ficar escrevendo os remédios, Tenho a consciência limpa e sei que Deus vai olhar por mim. Enquanto ao Rafael, que ele pense um pouquinho antes de cometer outro erro. Só lamento! 10524286_804152782928423_379693800_n

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3 thoughts on “Novo registro de falha com eyeball tattooing no Brasil”

  1. O eyeball tattoo é um procedimento experimental e sujeito a riscos e desastres, como este da matéria em questão. Fico chocado ao ver profissionais que se dizem capacitados, infalíveis, num procedimento que, por si só, é extremamente perigoso e com danos permanentes.
    Não sou a favor da proibição de nada, cada um faz o que quer no seu corpo, mas cada vez mais irão aparecer aberrações, fruto de procedimentos feitos a esmo, por “profissionais” despreparados e, porque não dizer, inconsequentes. Os procedimentos experimentais e perigosos, devem seguir uma trilha mais distante do grande público, antes de virar mainstream. Já vi no facebook uma brasileira de 16 anos que fez eyeball tattoo (com o Emílio Gonzalez) e diz que está tendo problemas na visão…o profissional fez o procedimento nela (que visivelmente era menor de idade) e que não tinha modificações visíveis – acho que falta muita responsabilidade nos modifiers, não só no Brasil, como os lá de fora.
    Ótima matéria, beijos a todos.

  2. Ótima matéria, e o mais legal é que a outra matéria tem a versão do profissional…

    A parte triste é ela passar por uma experiência traumatizante e se tornar a favor de uma proibição geral.

    1. Concordo plenamente, Rodrigo. Pelo que sei, há muitos mais casos sem problema algum do que casos em que ocorre alguma coisa. É um procedimento ainda bastante novo, o risco ainda existe e deve ser encarado e pesquisado de antemão. E é responsabilidade do paciente, sim. Não consigo entender como alguém faria um procedimento cirúrgico e de body mod sem ter lido e pesquisado sobre o assunto. É algo, a meu ver, extremamente imaturo.

      Mas ainda mais imaturo é ser contra o procedimento para todos os outros que o desejam somente por em seu caso não ter funcionado. A meu ver, é puramente inveja pelo sucesso e felicidade alheia. É o típico pensamento “Se eu não posso ter, então não quero que ninguém mais tenha”.

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