O dia de suspensão em Goiânia.

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Foto: divulgação

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A suspensão corporal atualmente está espalhada e acontecendo em várias partes do Brasil. A verdade é que desde os primeiros casos de suspensão que aconteceram dentro do território brasileiro, identificamos uma necessidade de que estas práticas acontecessem em diferentes regiões: do norte ao sul, do leste ao oeste. A exemplo, cabe mencionarmos as séries de suspensões que foram registradas pelo – extinto site de modificação corporal – Neoarte.net na primeira década do ano 2000 e que aconteceram em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais…
Acho que a pontual diferença de antes para o momento que vivenciamos agora é a quantidade de praticantes e profissionais envolvidos com a suspensão. O aumento e a profissionalização foram tão significantes, que dentre tantas novas possibilidades, assistimos a consolidação de grupos extremamente habilidosos e capacitados, como por exemplo o Diabos Mutantes criado e liderado pelo Freak Boy de São Paulo.
Outro fato bastante marcante são os encontros entre pessoas interessadas em suspensão, que para nossa alegria não ficaram presos aos grandes centros e estão acontecendo nas áreas mais diversas do Brasil. Algumas vezes com uma grande adesão e outras ainda dentro de experimentos, como mencionamos meses atrás sobre as primeiras suspensões que aconteceram em Uberlândia, Minas Gerais.
No mês de fevereiro, tivemos um desses encontros – com grande adesão de pessoas interessadas em suspensão – em Goiânia, estamos falando do Suspension Day.
O evento foi organizado por Alessandra Favoritto e Luanna Franco e segundo o que nos contaram funcionou de modo colaborativo.
O Suspension Day aconteceu em dois dias e teve ao todo treze suspensões. Dessas todas, oito foram suicides (posição vertical com ganchos nas costas) e de pessoas que experimentam a suspensão pela primeira vez. Uma das pessoas que experimentou o suicide em um dia, fez um coma (posição horizontal com ganchos espalhados entre pernas e torso) no segundo. Os mais experientes, isto é, aqueles que já se suspenderam em outras ocasiões fizeram pelos cotovelos, joelhos e inclusive aconteceu uma – temida – vertical pelo peito.
Falando no molde colaborativo, profissionais de diferentes Estados foram ao evento levando algum material, além claro, da boa vontade em participar. Acreditamos muito em eventos assim e acho que eles deveriam ser mais frequentes.
Ficamos curiosos em saber se havia alguma causa ou algum gatilho motivador para que houvessem tantas pessoas interessadas em se suspender. As organizadoras nos contaram que tudo começou com a repercussão da Hurt Fest II, que aconteceu em dezembro em Belo Horizonte. As pessoas começaram a comentar nas fotos do evento no Facebook, demonstrando interesse em também se suspender. Depois teve um segundo momento de acolhimento e preparação das pessoas interessadas. Alessandra e Luanna contaram que foram realmente atrás das pessoas, fizeram encontros, mostraram vídeos de suspensões, tiraram dúvidas.

“Acho que na suspensão é importante ter alguém por perto pra isso, pra acolher mesmo, pra tornar a coisa mais humana”. – Alessandra Favoritto

O interessante desse depoimento, principalmente para aqueles quem tem um certo distanciamento da prática, é que em uma suspensão corporal exige uma série de etapas antes de chegar no ato em si. Para aqueles que dizem com um certo descaso que se trata apenas de um “bando de maluco” que quer apenas “ficar pendurado”, fica o alerta: esse tipo de discurso está bastante equivocado.
Principalmente quando é a primeira vez de alguém, os cuidados e a preparação se tornam mais intensos ainda. O Suspension Day é um dos diversos exemplos práticos que podemos mencionar. Passar por uma suspensão corporal é uma experiência intensa e única.
O Freak Boy da equipe Diabos Mutantes foi o responsável em tirar as pessoas do chão. Ao mesmo tempo, partilhou conhecimentos técnicos com as organizadoras e com outros profissionais interessados nos estudos da suspensão corporal.

“Não tem nada mais gratificante do que o sorriso de quem sobe, a expressão de surpresa, de extase, de felicidade, de não caber em si. Eu quase chorei umas vinte vezes por lá”. – Alessandra Favoritto

Falando sobre as dificuldades, as organizadoras disseram que a rivalidade entre os profissionais do meio é um problema. O que para nós não é novidade e só nos faz lamentar profundamente que problemas pessoais interfiram na evolução e desenvolvimento de eventos e das práticas em si.
Outra batalha a se enfrentar foi a de ter consciência da facilidade com a qual as pessoas, principalmente quem está começando, podem sujar a ficha na área. Erros são fortemente e facilmente condenados. Já escrevemos AQUI sobre isso.

“As pessoas estão preparadas pra atirar pedras a qualquer momento, temos bastante medo disso” – organizadoras

O importante é não temer dar a cara a tapa e ter humildade o suficiente para aprender com as falhas e reconhecer que somos passíveis de erros. Parece fácil, mas não é. Com as redes sociais a crueldade das críticas podem interromper vidas de pessoas e ideias.
Mas somos da opinião de que é preferível receber pedradas por alguma tentativa falha, do que ficar atirando pedras a esmo e sem produzir absolutamente nada.
Também defendemos o ideal de que é melhor se juntar do que se espalhar. Quando ouvimos como essa edição do Suspension Day funcionou de maneira colaborativa, guiada pela paixão à prática da suspensão corporal, repetimos incansavelmente: precisamos falar sobre isso!
A colaboração mútua e o acolhimento humano parece ter sido bastante presente nos dois dias de evento. Aspiramos que esses sentimentos se estendam para todos os próximos dias daqueles que são entusiastas ou profissionais da suspensão corporal.

“Eu senti uma conexão muito grande com todo mundo, todos estavam felizes de estar lá. Não teve uma suspensão que não fosse linda, que não viesse com muitos arrepios, sorrisos, frases do tipo “ai que paz”, “quero de novo”, “obrigado por isso”.

Abaixo você pode conferir algumas fotos do Suspension Day.

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4 thoughts on “O dia de suspensão em Goiânia.

  1. A Suspensão Corporal com certeza vem ganhando mais espaço no Brasil, mas em grupos muito isolados. Eu moro no Nordeste e tenho muita curiosidade em assistir e consequentemente praticar, porém não sei de “eventos” por aqui em que isso tenha ocorrido. Acredito que o número de brasileiros que tenham curiosidade sobre tal prática seja realmente “grande”, embora assim como eu não encontre maneiras de conhecer mais. Pesquisei alguns grupos na internet e a única coisa que encontrei, além de blogs falando sobre, foi um grupo de Curitiba, um grupo fechado. Não sei como minha opinião pode influenciar em algo, mas vocês, Frrrk Guys, sendo um site conhecido sobre Body Mods entre outras coisas, conseguiriam fazer com que as Suspensões se tornem algo mais amplo ou pelo menos mais conhecido.

    1. Olá San. Muito obrigado pelo seu comentário. Estamos nos esforçando bastante para falar sobre os principais eventos que envolvam suspensão ao redor do Brasil. Por aqui não existem muitos times oficiais, mas sabemos que há bons profissionais trabalhando pelos vários Estados.

      Vamos trabalhar ainda mais para conseguir fomentar e divulgar os eventos de suspensão. Pode contar com isso.

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