Quando pensamos a tatuagem no passado – ou ato de marcar a pele de modo indelével – pensamos automaticamente em Ötzi. Com seus 5.300 anos, seu corpo foi encontrado nos alpes italianos em 1991. É uma das evidências materiais mais antiga da história sobre a marcação da pele, conservada inicialmente por condições climáticas.
No entanto, Ötzi não está sozinho. Pesquisadores descobriram desenhos de tatuagens complexas feitas há mais de 1.200 anos em múmias pertencentes a um povo pré-hispânico conhecido como Chancay, do Peru. Ainda na América Latina, temos as múmias Chinchorro, encontradas ao norte do Chile, com um homem com uma linha pontilhada marcada acima do lábio superior. No Egito, também há evidências em suas múmias da presença da marcação da pele há mais de 5.000 anos, como exemplo o homem e a mulher de Gebelein, ambos hoje guardados no Museu Britânico (afinal de contas, colonização).
Agora em Julho de 2025, vimos surgir um novo debate sobre a chamada “múmia de gelo“, com seus 2,5 mil anos, em que um novo estudo utilizando tecnologia de ponta, com imagens de alta resolução, investigou suas tatuagens. O corpo encontrado na Sibéria (Rússia), era de uma mulher tatuada que tinha cerca de 50 anos de idade. Ela pertencia ao povo nômade pazyryk, que cavalgava pelas vastas estepes que ligam a China à Europa. Hoje esta múmia e os seus pertences estão no Museu Hermitage, em São Petersburgo, na Rússia.

“As tatuagens não estavam visíveis quando ela foi escavada, porque a pele já tinha escurecido”, diz Gino Caspari, arqueólogo no Instituto Max Planck de Geoantropologia, na Alemanha, e autor principal do estudo. A equipe do arqueólogo utilizou fotografia de infravermelho próximo de alta resolução, uma técnica de imagem que revela coisas que os nossos olhos não conseguem ver, para criar um modelo tridimensional da múmia Pazyryk.

A pesquisa e investigação localizou tatuagens nas mãos e antebraços. Segundo matéria da National Geographic:
“As mãos estavam decoradas com aves e outros motivos pequenos, enquanto os antebraços serviram de tela para cenas complexas retratando animais semelhantes a renas a serem caçadas por tigres e leopardos e até um animal de quatro patas com um bico semelhante a um grifo.”
Sobre a técnica, o estudo apontou que houve um método de perfuração da pele para inserção do pigmento. Gino Caspari disse ainda que as ferramentas utilizadas poderiam ser de ponto único ou multi-pontos. Analisando as tatuagens, a equipe apontou que mais de uma pessoa tatuou a mulher.

Existe a hipótese de que tatuar seria provavelmente um ofício respeitado na sociedade Pazyryk, exigindo formação e talento. Algo que realmente não começou agora e que a história e arqueologia tem se encarregado de repetidamente nos mostrar.

REFERÊNCIAS
The world’s oldest tattoos
https://shs.hal.science/halshs-01227846/file/OldestTattoos.pdf
Cientistas reconstroem as tatuagens de uma múmia do gelo siberiana com 2.000 anos
https://www.nationalgeographic.pt/ciencia/cientistas-reconstroem-tatuagens-mumia-gelo-siberiana-2000-anos-pazyryk_6297
Esta múmia sul-americana tem tatuagens diferentes de todas já encontradas https://super.abril.com.br/historia/essa-mumia-sul-americana-tem-tatuagens-diferentes-de-todas-ja-encontradas/
Tatuagens de múmias de 1.200 anos são reveladas por laser
https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/tatuagens-de-mumias-de-1-200-anos-sao-reveladas-por-laser
Tatuagem mais antiga do mundo é encontrada em múmia de 5 mil anos
https://veja.abril.com.br/ciencia/tatuagem-mais-antiga-do-mundo-e-encontrada-em-mumia-de-5-mil-anos/
As tatuagens de 2,5 mil anos encontradas em múmia congelada
https://www.bbc.com/portuguese/articles/crm4nkzj37po
Arqueólogos encontram tatuagens elaboradas em múmia de 2 mil anos
https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/arqueologos-encontram-tatuagens-elaboradas-em-mumia-de-2-mil-anos/