Estudante é filmado tatuando colega dentro de sala de aula de colégio militar

Na segunda-feira, 09 de Junho, viralizou um vídeo nas redes sociais em que um estudante aparentemente tatua o seu colega, dentro de uma sala de aula de um colégio civil-militar.

O caso ocorreu Colégio Estadual Cívico-Militar Hugo Simas em Londrina, Paraná. No vídeo, o jovem aparece com o braço estendido sobre a carteira escolar, ao lado de materiais para tatuagem. Um outro estudante, utilizando luvas, limpa o local com um papel e manuseia o equipamento. Um grupo de estudantes acompanham a cena.

A Secretaria da Educação do Paraná está apurando o caso com a gestão escolar, que provavelmente será responsabilizada e punida com muito rigor. Os adolescentes já foram identificados e as famílias foram convocadas. A situação toda teve grande repercussão na mídia hegemônica e alguns pontos precisam ser destacados.

  1. Certamente que a tatuagem feita por adolescentes dentro de uma escola não é apropriado por diversas razões, incluindo a de biossegurança e aqui não cabe muita discussão. Todavia é irônico que isso aconteça dentro de um colégio civil-militar e suas regras de controle sobre os corpos e subjetividades. Recentemente escrevemos AQUI sobre a proibição de piercing, alargadores, cabelos coloridos nas escolas militares de São Paulo, que são cópias do Paraná, considerando que o secretario da educação que está destruindo a educação pública em São Paulo é o mesmo que destruiu a do Paraná, o empresário Renato Feder. Não é irônico?
  2. Tatuagem feita dentro da sala de aula não deveria existir, assim como os colégios civis-militares também não deveriam existir. Essas instituições são resultados diretos da ideologia da extrema-direita representadas no Paraná pelo governador Ratinho Junior (PSD) e em São Paulo pelo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Agora em Junho o Comitê dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU) recomendou que o Brasil adote medidas para proibir a militarização de escolas públicas em nível estadual e municipal. A ONU aponta possíveis violações a direitos fundamentais de crianças e adolescentes pela militarização.
  3. As pessoas estão chocadas que adolescentes se tatuaram em sala de aula, mas não está chocadas – talvez nem saibam – que em menos de uma semana duas professoras morreram dentro das escolas no Paraná, resultado direto do sistema perverso e violento de metas, cobranças, assédios imposto por Renato Feder lá e que agora está imposto em São Paulo. Temos chamado esse tipo de sistema antipedagógico enquanto educação de telemarketing, isto é, algo que agravou intensamente a ideia da educação bancária colocada por Paulo Freire. Na sexta-feira, 30 de Maio, a professora Silvaneide Monteiro Andrade morreu durante o expediente no Colégio Estadual Jayme Canet, em Curitiba. Na tarde de quinta-feira, 5 de Junho, a professora Rosane Maria Bobato morreu, também durante o expediente, no Colégio Estadual Santa Gemma Galgani, na capital paranaense. É aqui que a nossa indignação e atenção precisa estar.

A educação pública, seja no Paraná ou em São Paulo, está sendo destruída para que a privatização seja justificada. Os governadores e os seus secretários da educação não estão mais no plano das ideias, estão agora na execução do processo. A privatização da educação pública é um ataque direto para todas as classes trabalhadoras, principalmente a do magistério, e as classes mais pobres. Faça como nós, gaste 2 minutos para explicar que a tatuagem em sala de aula é errado, e foque toda a sua energia para defender a educação pública nesse momento. É preciso mobilização de toda sociedade diante da violência do que está acontecendo. É preciso que digamos não para a militarização das escolas. É preciso dizer não para privatização da educação pública. Estejamos atentas e fortes.

REFERÊNCIAS

ONU mira em Tarcísio e recomenda proibição das escolas cívico-militares
https://revistaforum.com.br/politica/2025/6/8/onu-mira-em-tarcisio-recomenda-proibio-das-escolas-civico-militares-181022.html

Paraná anuncia ampliação de programa para saúde de educadores; em seis dias, duas professoras morreram durante expediente
https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2025/06/07/parana-anuncia-ampliacao-de-programa-para-saude-de-educadores-em-seis-dias-duas-professoras-morreram-durante-expediente.ghtml

Aluno é flagrado fazendo tatuagem em sala de aula em colégio cívico-militar de Londrina
https://cbnlondrina.com.br/materias/aluno-e-flagrado-fazendo-tatuagem-em-sala-de-aula-em-colegio-civico-militar-de-londrina