Arqueólogos encontram agulha de tatuagem com 2.000 anos

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O artefato traz novas evidências sobre a história da tatuagem na América do Norte. Foto: Reprodução/Bub Hubner/WSU

No livro A modificação corporal no Brasil – 1980-1990 (Editora CRV, 2015), a historiadora T. Angel escreveu que “historicamente não há uma exatidão espaço-temporal de quando a tatuagem se iniciou“. Os estudos sobre a tatuagem em sociedades antigas, principalmente aquelas que não tinham como prática a mumificação ou que não ofereciam condições geográficas e climáticas para maior conservação de corpos, são difíceis e complexos. O que podemos afirmar é que a tatuagem é uma prática antiga – milenar – e que esteve presente em diferentes culturas e povos, que inclusive não tinham contato entre si. Assunto que pode ser aprofundado no livro Teorias da Tatuagem (Editora da UDESC, 2001) da pesquisadora Célia Maria Antonacci Ramos.

Novas descobertas e estudos – principalmente com o advento das novas tecnologias – tem nos ajudado a encontrar algumas respostas. E o mês de fevereiro se encerrou com uma dessas preciosas análises e revisões sobre a história da tatuagem.

Em artigo publicado no dia 28 de Fevereiro de 2019 no Journal of Archaeological Sciende: Reports, arqueólogos buscaram redefinir a idade da tatuagem na América do Norte. A descoberta de um artefato de 2.000 anos e seu respectivo estudo tem colaborado com as descobertas da história da tatuagem na região em que hoje está Utah nos Estados Unidos da América. O artefato milenar, que vem sendo chamado como agulha de tatuagem, é a mais antiga evidência de tatuagem no sudoeste dos Estados Unidos.

Segundo o artigo intitulado Redefining the age of tattooing in western North America: A 2000-year-old artifact from Utah, assinado por um total de oito pesquisadores, Andrew Gillreath-Brown, Aaron Deter-Wolf, Karen R. Adams, Valerie Lynch-Holm, Samantha Fulgham, Shannon Tushingham, William D. Lipe, R. G. Matson, diz que diversos estudos no campo da história apontam a presença da tatuagem nos povos indígenas da América do Norte que datam antes do século XV, ou seja, antes da invasão dos europeus colonizadores.

Durante um inventário recente de materiais arqueológicos herdados do Turkey Pen, no sudeste de Utah, descobriram um instrumento de tatuagem construído a partir de um caule de sumagre, espinhos de cactos e folhas de mandioca. O artefato foi recuperado em 1972 mas, até agora, tinha permanecido não identificado.

A ferramenta é muito simples e do tamanho de uma caneta moderna, com dois espinhos de cacto paralelos, amarrados com folhas de mandioca e manchados de tinta preta nas pontas. Tanto a ferramenta quanto a tinta das pontas foram pesquisadas pela equipe, que inclusive constatou a forte presença de carbono no pigmento.

O estudo apontou ainda que a tatuagem estava ligada com a transição demográfica do neolítico. Associando ainda ao fato de que as pessoas estavam adotando formas de vida mais sedentárias associadas à agricultura de milho. Por conta das flutuações populacionais e a mudança de modos de vida durante o período, “o uso de marcadores sociais evidentes como os sistemas de sinalização baseados em tatuagem provavelmente ajudaram na negociação de relacionamentos entre indivíduos e auxiliaram na formação da identidade do grupo” apontou o artigo.

Estamos diante de um dos instrumentos mais antigos de tatuagem descobertos e, embora, muitas dúvidas e curiosidades surjam com ele, o que fica claro é que a tatuagem é uma das práticas culturais mais antigas da humanidade. “Aceita, atura ou surta“, já dizia a canção.

REFERÊNCIAS

A 2,000-year-old tattoo needle still has ink on the tipo
https://arstechnica.com/science/2019/02/a-2000-year-old-tattoo-needle-still-has-ink-on-the-tip/

Redefining the age of tattooing in western North America: A 2000-year-old artifact from Utah
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2352409X18307508?via%3Dihub

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