Entrevista com Marcela Mattos sobre corpos e vidas dissidentes

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Marcela Mattos compartilha suas experiências e reflexões. Foto: acervo de Marcela

Marcela Mattos é uma jovem estudante de jornalismo que nasceu e vive em São Paulo. O seu corpo – o corpo que ela é! – comunica eloquentemente dissidências. Uma verdadeira ode às diferenças.

Mais do que falarmos sobre ela, queremos que nesse espaço a voz dela seja imperativa e expandida. Queremos ouvir sobre Marcela Mattos – da boca dela própria – e o que ela pensa sobre o mundo em quem está inserida.

E será com a voz dela ressonando e reverberando em nossas cabeças é que faremos o nosso processo particular de meditação e reflexão sobre o mundo que estamos e, principalmente, sobre o mundo que queremos colaborar com a construção.

Discutimos aqui sobre pessoas com deficiência, gordofobia, pressão estética, bissexualidade, modificações corporais e muito mais. Convidamos vocês para que leiam abaixo sobre essa inquietante e maravilhosa entrevista. Boa leitura!

FRRRKguys: Você nasceu com um tumor benigno no olho esquerdo e precisou ser operada nos primeiros dias de vida. Como foi viver a infância enquanto uma pessoa com deficiência?
Marcela Mattos: A infância foi algo bem complicado para mim, por ser uma criança com deficiência. O bullying acontecia desde o pré, mas eu percebi muito pouco, até porque como eu era muito nova, eu tenho lembranças vagas de uma garota da escola (também chamada Marcela. risos) falando que eu era burra, feia por conta desses fatores. Fora o ensino fundamental onde eu acabava me isolando e, na tentativa de me aproximar, era tóxico porque as pessoas sabiam que eu queria ser aceita e me “exploravam” de alguma forma. A minha vida pessoal era sempre difícil quando minha mãe saía comigo na rua e eu lembro claramente de uma vez passar por dois meninos brincando no portão de casa, aí eles me viram e apontaram, falando: “olha, a menina não tem um olho”. Aí eu saí correndo na frente da minha mãe, tampando com a mão esquerda onde eu não tenho meu olho e fiquei cabisbaixa o caminho todo. Fora outra história que ela conta, onde uma vez ela saiu comigo e paramos para atravessar a rua. Um senhor olhou para ela e disse “por que você não esconde ela dentro de casa?”, e minha mãe, sutil como sempre, respondeu: “por que o senhor não vai tomar no seu cu?”, e andamos.

FRRRKguys: E a adolescência?
Marcela Mattos: Foi mais difícil do que eu imaginei, porque eu tinha plena consciência do que estava acontecendo e eu construí essas memórias. Não foi algo que minha mãe contou. Eu presenciei e criei aquilo, e foi doloroso.
Uma coisa que aconteceu e me marcou muito foi quando eu tentava ir às matinês (menor de idade, sem RG falso, ia nessas né? Era o que dava. risos) e uma vez fui em uma bem de adolescente padrão hétero da zona norte, e quando eu fui, eu queria beijar algum garoto e ele já me olhava negando, ou assustado, ou até mesmo rindo da minha cara. Cheguei em casa chorando, triste e decidi nunca mais pisar lá.
Na escola, a adolescência também foi ruim até um certo ponto. Eu, antes de conhecer meus amigos que estão ao meu lado há 12 anos já, buscava de novo a aceitação das pessoas. Nisso, uma amiga minha da época que era muito popular, ia beijar um garoto da escola e, eu era afim dele. No final das contas, ela disse que só ficaria com ele se ele e os outros três amigos dele (a criança piranha desde cedo. risos) me dessem um selinho. Na hora pareceu incrível, mas foi basicamente um: “faz isso logo pra essa garota parar de encher o saco”.
Quando eu conheci o Luiz (meu irmão de outras vidas) e todos nossos amigos, eu sinto que a vida começou a ser mais leve. Eu era emo, já adorava tudo que era diferente e abraçava a causa, até porque esses eram rejeitados. Então por que não ser rejeitada junto com quem já é? Eu pensei muito assim.
Nesse meio tempo, antes eu tinha conhecido uma menina na escola antiga que é cadeirante e ela sempre foi um anjo comigo. A gente se entendia e se ajudava muito. Ela me deu uma pulseira mas infelizmente nunca mais encontrei. Depois de tudo isso, comecei a ir nas matinês com gente emo e esquisita que nem eu. Fiquei com o primeiro menino sem me sentir extremamente culpada e rejeitada. Foi bom. Voltei com um chupão no pescoço e ria de nervoso pra esconder da mãe.

FRRRKguys: Hoje falamos muito sobre educação inclusiva. Como foi a sua passagem pela escola?
Marcela Mattos: Em relação a inclusão e acessibilidade, nunca foi difícil pra mim, ainda bem. Reconheço que fui muito privilegiada porque a minha deficiência nunca me impediu de exercer nenhuma atividade, de ler, escrever. Sempre foi como enxergar igual você, só não tendo o olho esquerdo pra isso. A única coisa que me pega é a miopia e o astigmatismo.

Selfie de Marcela Mattos.


FRRRKguys: Você acompanha as discussões sobre a presença das pessoas com deficiência no ensino regular? Se sim, o que você tem observado?
Marcela Mattos: Então, eu acompanho muito pouco, mas o pouco que vi (ainda porque fiz um ano e meio de Magistério) é que existem poucos profissionais qualificados para ajudar as crianças e adolescentes com deficiência, tanto que fazem caso tenham uma demanda específica. Ninguém é previamente preparado de forma geral caso aconteça de vir um aluno com deficiência. Agora com o governo novo e com os direitos das pessoas com deficiência cada vez mais comprometidos, a gente pode esquecer que isso melhore.


FRRRKguys: Sobre a pressão estética, qual impacto isso teve em sua vida?
Marcela Mattos: Cara, a pressão estética na minha vida é o impacto mais foda (pode falar palavrão né? risos)
Eu odeio o fato da pressão estética ser algo tão gritante e tão enraizado na minha cabeça, mesmo com toda a desconstrução ao longo dos anos. Dentro de casa teve sempre a preocupação de ser magra, saudável, etc. Pelo menos em relação a deficiência sempre tive muito respeito da minha mãe e do meu pai, e eles sempre falaram pra mim que eu colocaria prótese caso eu quisesse. Fiz três próteses ao longo da minha vida e me senti uma pessoa mais feia do que eu achava que eu era.


FRRRKguys: Na sua vida adulta a questão da gordofobia passou a ser um problema, certo? O que você nos falar sobre?
Marcela Mattos: Sim! Gordofobia começou a ser o tema mais doloroso de lidar na vida adulta. Eu já era rejeitada pela deficiência, aí você começa a ser rejeitada por ser gorda, dá vontade de morrer. Não, não é eufemismo. Eu tentei me matar três vezes no ano passado. Eu ainda não tinha condição de pagar terapia e remédio, então era muito pior. Hoje eu tenho uma psicóloga que me ajuda muito em um valor bem acessível pra mim e consigo pagar os remédios graças ao benefício do meu emprego fixo.
Eu engordei real desde os 18 anos porque comecei a usar muita maconha, e maconha te deixa com uma fome de uns mil leões juntos. Eu ainda por ser ansiosa, como por compulsão, então imagina o resultado disso tudo. Comecei a ver que eu me tornava algo que eu tinha muita repulsa e preconceito. Era mais uma coisa que eu olhei, pensei e falei: “Você já tem uma deficiência. Você tem certeza que quer assumir mais isso na sua vida?” Com o tempo, eu conheci algumas pessoas no YouTube que me fizeram enxergar o corpo gordo com outra perspectiva e me fez gostar mais de mim. Se tornou uma diferença a mais na minha vida e sim, sou rejeitada ainda por algumas pessoas, mas é algo que eu estou acostumada real. Não é drama, nem vitimismo. A gente se acostuma mesmo, infelizmente. Mas a gente também, em troca, ganha pessoas incríveis mesmo que poucas. E isso é o que importa. Sabe aquele clichê “qualidade ao invés de quantidade”? Queria ter aprendido isso quando mais nova.


FRRRKguys: Você é uma mulher bissexual. Qual a sua percepção sobre as discussões que abordam a bissexualidade e pessoas com deficiência? Existe um movimento de reflexões e ações acontecendo dentro do movimento LGBTQI+ e das pessoas com deficiência?
Marcela Mattos: Vou dividir essa em partes, porque vai sair um desabafo. risos
Sobre bissexualidade: a gente continua invisível e rotulado das piores formas possíveis. Eu não sinto que há cem por cento dentro do nosso movimento LGBTQI+ acolhimento para pessoas bissexuais. Acolhimento eu digo ouvido, sabe? De você pegar pela mão e parar de falar que é indeciso, depósito de doenças, de achar que só porque sou bi, que sou uma pessoa que vou trair você com o gênero oposto. Usar meu corpo pra experimentar alguma coisa que nunca provou e achar que é bagunça. Enfim, se existe real, eu nunca vi de fato acontecer. O que vejo são pessoas bissexuais sempre reprimindo alguma coisa pra ninguém falar merda sobre a orientação sexual dela.
Sobre pessoas com deficiência no meio LGBTQI+: também nunca vi, mas pode ser também porque nunca parei, pesquisei e me engajei como deveria. A gente aponta o dedo pra uma coisa mas tem três me culpando agora por não fazer minha parte. E caso alguém conheça e queira me chamar pra ajudar, eu tô de corpo e alma.


FRRRKguys: Qual a recepção do seu corpo em espaços públicos?
Marcela Mattos: Até o momento nunca senti tanta dificuldade, mas quando sinto também não externalizo, com medo de incomodar. Eu queria ser mais combativa, sabe? Eu ainda não consigo. No trabalho eu consigo pedir uma cadeira melhor pra sentar, eu consigo sentar em lugares preferenciais para pessoas gordas (às vezes também, porque sempre tem duas magras que sentam ali). A acessibilidade no ônibus tem ficado um pouco mais difícil por ter engordado, mas ainda consigo andar de transporte público, comparado a muitas pessoas gordas que nem isso conseguem mais fazer, porque não dão espaço para todas as pessoas.

Foto: Victória Lo Ré

FRRRKguys: Hoje falamos muito sobre empoderamento, o que tem ajudado você a se empoderar? O que tem te ajudado a construir autoestima e cuidar da saúde mental?
Marcela Mattos: O que tem me ajudado é a terapia. A minha psicóloga tem um papel essencial na minha vida e muito do que construí desde o começo do ano eu devo a ela, tanto no empoderamento quanto na saúde mental.
Também construí muito meu empoderamento do meu corpo gordo em cima do canal da Alexandra Gurgel, o Alexandrismos, e toda essa rede de amigos dela. Por serem pessoas gordas e falarem cem por cento do que é ser body positive e como se gostar a cada dia, entendendo e amando cada parte do seu corpo, foi algo que me ajudou muito no início. Tenho meu melhor amigo Luiz, que é uma pessoa gorda, queer, incrível que me ensina muito sobre amor próprio e empatia. Simplesmente se não fosse ele (inclusive chamo no pronome masculino pois ele não se incomoda), eu não sei o que seria de mim.
O que me ajuda também nessa construção é cada dia mais me aproximar de pessoas que são parecidas comigo em pensamento, ideais, corpo, tudo. O que eu puder aprender e entender, vale. Ano passado fui na minha primeira parada LGBTQI+ com o bloco dos freaks. Nunca me senti tão em casa. É o referencial que quero pra vida toda, essa pluralidade e amor. Aos poucos isso tudo vem construindo minha auto estima e contribuído para uma saúde mental cada vez melhor.

Marcela Mattos no Bloco dxs Freaks de 2018. Foto: Leonardo Waintrub


FRRRKguys: Você tem modificações corporais que não escolheu e algumas que tem escolhido, como tatuagens e piercings. Fale um pouco sobre essa sua relação?
Marcela Mattos: Minha relação com a modificação corporal começou desde os 12 anos, quando eu assistia ao Marilyn Manson e via todas aquelas tatuagens, aquelas roupas e tudo tão diferente e incrível. Quando eu virei emo na pré adolescência, muitas amigas eram mais velhas e já tinham piercings, alargadores e tatuagens. Então eu sempre admirei e queria a todo custo fazer. Minha primeira tatuagem foi aos 16 anos, se eu não me engano. Fiz com um tatuador que era amigo e foi na lateral dos dedos. Minha mãe só não me matou porque eu tinha combinado com ela (afinal, comecei a trabalhar com 16 anos) se eu passasse direto de ano, eu faria uma pequena. Ainda.
Quando fiz 18 foi meu momento de glória porque eu fiz a tatuagem, o piercing, o alargador. Eu fiz tudo e mais um pouco. Eu me senti realizada, de verdade, mas tirei porque depois eu precisei trabalhar em empresas conservadoras, então os piercings e alargadores tinham que ficar fora de cogitação. As tatuagens eu escondia, mas eu me sentia muito mal porque não podia ser eu.
Depois desse tempo, fui para uma empresa em Guarulhos. O que me deixou muito motivada a aceitar a proposta deles, além do salário, benefícios e toda essa coisa de seleção que todo mundo sabe, foi quando a recrutadora olhou minhas tatuagens e perguntou sobre elas. Eu respondi: “Ah, eu cubro se precisar”. Até porque eu tava precisando demais do trabalho. Mas o lindo disso foi ela falar: “Fica tranquila, aqui um dos valores é diversidade. A gente adorou”. E vão fazer três anos que estou trabalhando lá e nunca me senti tão leve, simplesmente porque posso ser eu.


FRRRKguys: Planos para modificações corporais futuras?
Marcela Mattos: Com certeza! Mais tatuagens, piercings, vou voltar com meus alargadores e minha maior meta agora é a bifurcação na língua. Cara, se eu conseguir isso, eu ganho o mundo.

FRRRKguys: Você teve uma situação particular na família por estar pensando sobre o tongue splitting. Você poderia compartilhar aqui?
Marcela Mattos: Claro! Há uns anos eu sempre achei muito interessante e me atraí muito pela ideia de bifurcar a minha língua. É um negócio que, pra mim, no meu corpo, na minha vida, vai fazer uma diferença absurda na minha auto estima, assim como foi eu raspar meu cabelo. Semana passada comecei a falar isso em casa, pra ver o que minha mãe ia dizer. Afinal, eu moro com ela e eu chegar, do nada, com uma língua bifurcada e sem poder falar, ia ser algo que no mínimo ela ia perguntar. No final, ela me disse tanta, mas tanta coisa ruim que eu me senti foi mais motivada a fazer (o famoso “desculpa, mãe” risos) Mas não deixei de notar muitos pontos onde eu me senti infeliz mesmo e triste. Eu achei triste o fato de ela colocar a minha sexualidade, as minhas tatuagens, meu corpo gordo e o fato de eu ser careca em jogo: “Eu respeito e entendo o fato de você ser bissexual, careca, gorda e tatuada, mas fazer essa merda eu não aceito.” Ou seja: eu aceito você com seus “problemas”, mas mais um para eu ter que aguentar, não dá.
É lamentável ainda a gente ter esse tipo de preconceito, vindo de casa e de pessoas que deveriam nos dar apoio. Pessoas que, mesmo detestando uma modificação corporal, poderiam simplesmente falar: “Eu não concordo, mas respeito. Só tome cuidado.” Mas, ao falar do cuidado, vem a religião e chegou a pauta sobre a minha deficiência: “Você já se auto mutilou em outra vida. Você acha que veio sem um olho por quê?
Ainda me pediu para respeitar ela, respeitar a religião dela e: “foda-se! “Você é minha filha e aqui existe uma hierarquia”. O mais problemático, além de toda essa falta de respeito, é o fato da mãe ser a líder punitiva do negócio, e não quem caminha lado a lado com a própria filha.
Aí depois de tudo isso, ficamos mais o dia seguinte discutindo, e eu desabei de chorar. Falei pra ela que eu entendo e não anulo a preocupação dela, mas porra! É importante pra mim, eu vou me sentir melhor fazendo porque não, não é suficiente ter tatuagem e piercing só. É uma identidade que eu tô construindo e descobrindo, e eu tenho amado cada pedaço meu dessa fase. É egoísmo não permitir isso. No fim, ela me enviou um áudio falando que me amava muito e só não queria me ver sofrendo de novo, mas não aceitava ainda. É foda né? Eu entendo o lado dela, mas o meu lado também precisa ser respeitado. Acho que tô conseguindo, não sei. Vou ver quando fizer.

FRRRKguys: Qual o impacto e peso das modificações corporais na colaboração da construção da sua saúde mental e autoestima?
Marcela Mattos: Na minha saúde mental e autoestima o impacto é enorme. Uma amiga minha, tatuadora incrível, me disse recentemente: “Teu corpo é teu templo, garota. Pinte as paredes, quebre-as e as mude de lugar… faça dele sua morada e o lugar mais gostoso de se estar”. Acho que resume tudo o que eu sinto e penso sobre esse impacto sobre mim.


FRRRKguys: O momento político atual coloca em constante risco os direitos duramente conquistados pelas mulheres, freaks, pessoas LGBTQI+, pessoas com deficiência, dentre tantos outros grupos e minorias. Como você analisa isso tudo?
Marcela Mattos: Eu sinto muito medo por nós, porém tenho um pouco de otimismo. Acabaram de criminalizar a LGBTQI+fobia no STF. Em pleno governo de extrema direita. Por isso me deu otimismo. A gente só precisa se reunir mais por pautas comuns, porque estamos desviando muito o foco em alguns pontos que não tem necessidade agora. Foda-se a Damares falando de rosa ou azul. Na boa. A gente tem que pensar em como criar acessibilidade para cadeirante nos transportes públicos (porque atualmente eu acho que não é o suficiente), acessibilidade em restaurantes, nas oportunidades de trabalho. A gente tem que pensar em como criar formas de ir até a favela ajudar aquela mulher que sofre agressão física pelo marido, aquela menina que foi estuprada, dar assistência. A gente precisa se mover nisso. Fora que a gente precisa incluir pessoas trans, não binárias na nossa militância e isso o movimento (tanto LGBTQI+ quanto feminista) não faz direito. Aí entra a parte de só olhar além do meu privilégio de mulher cisgênero branca. Para mim pode ser que seja mais fácil lutar e sobreviver todo dia, mas tem pessoas que não usufruem do mesmo privilégio que eu.
Há uns meses eu lembro de ter lido no Frrrk Guys mesmo o texto que escreveram sobre o casal Ares e Soren. Porra, aquilo me destruiu. Isso me fez enxergar uma perspectiva de ter que usar meu privilégio para fazer pessoas serem ouvidas e ajudar elas a construírem mais alternativas. Não posso silenciar nunca, mas devo ajudar porque infelizmente branco só dialoga com branco ainda, por exemplo.


FRRRKguys: Deixe uma mensagem para as pessoas que estão a nos ler.
Marcela Mattos: Ô responsabilidade, viu? Eu pensei, pensei e pensei e não consigo pensar em algo. Mas não é por mal. Acho que é a ansiedade.
Eu só consigo sentir uma sensação incrível de felicidade por poder te dar essa entrevista e poder falar para várias pessoas o quão novo tem sido tudo isso. Eu espero que o mundo seja pequeno para todos nós que estamos aqui: LGBTQI+, freaks, negros, mulheres, pessoas com deficiência… espero que você que lê essa matéria consiga se amar sempre, entender que tá tudo bem parar um pouco, respirar, colocar as coisas no lugar e tentar do zero. A vida é feita disso. A gente muda tanto e não tem coisa mais linda que mudar (a não ser que você vire um militante de extrema direita que acredita que o nazismo é de esquerda, aí não dá pra mudar e ser lindo não. risos). Mas tá tudo bem em ser você, em ser diferente. É até melhor porque eu acho que ia odiar ser uma menina padrão hétero que ia encontrar outra menina parecida comigo.
Já diria David Bowie: “Não sei aonde irei a partir daqui mas prometo que não será entediante”.

Foto: Milena Paulina
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