Entrevista com o body piercer Victor Badaró

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Victor Badaró é um jovem body piercer de Minas Gerais, nascido em janeiro de 1996 em Nova Lima, onde vive ainda hoje. A música, o skate e as modificações corporais foram abrindo uma grande porta de possibilidade para que ele entrasse na profissão de perfurador profissional.

Desde janeiro estávamos pensando nessa entrevista, no entanto, aproveitamos de sua visita em São Paulo para realizá-la. Badaró esteve por duas semanas atendendo enquanto guest (convidado) na loja da Millennium Piercing & Co, na Rua Augusta.

Compartilhamos abaixo um pouco da nossa conversa. A entrevista foi realizada pela T. Angel por meio de gravação e, posteriormente, transcrita. Desfrute!

Foto: T. Angel

T. Angel: Quando você começou a se interessar por modificações corporais? Qual o caminho que você trilhou até iniciar a sua jornada?
Victor Badaró: O meu interesse por modificação, acho que foi mais quando eu comecei a ter piercing. Desde os 14 anos eu tinha vontade de ter piercings, com 15 eu tive os meus primeiros na bochecha. Aí sempre me interessei, me empolguei, né? Depois que eu fiz um piercing, quis fazer outros e fui fazendo. Só que eu não tinha vontade de trabalhar no meio não. Um pouco lá para os meus dezessete anos, por aí, dezessete ou dezoito anos, me interessei pela enfermagem. Era uma área que eu queria seguir, enfermagem e medicina também, porque conheci lá no hospital. Mas um tempo mais para frente, já tinha interesse em modificação, gostava de me modificar, queria me modificar, mas não ser modificador. Aí fiz a minha bifurcação, não lembro que ano exatamente, sei lá, acho que tinha uns 20 anos, não sei, disso eu pensei… É, foi  num momento da minha vida que estava melhorando de novo, tinha acabado de ter problema com a depressão, aí eu quis largar os estudos da área da saúde. Então, comecei a trabalhar de garçom, nisso eu pensei que, fiz a minha bifurcação e pensei um pouco mais frente em começar a trabalhar com o piercing, só que não era uma certeza. Esperei um tempo, quase um ano depois, não sei, não, não, foi dentro desse ano mesmo… Aí entrei em contato , comecei a estudar sobre e aí que foi gerando o interesse mesmo sobre modificação mais aprofundado.

O piercing na bochecha. Foto: acervo pessoal de Victor Badaró

T. Angel: Só para eu entender melhor, antes de você fazer no seu corpo, como que você acessou  essa cultura? Como que você soube pela primeira vez, antes de fazer em si?
Victor Badaró:  Acho que por meio de música, o meio que sempre vivi, eu era skatista. Também, conhecia gente que tinha piercing. Igual, gente de alargador. Fiquei sabendo de um mano meu que tinha alargado a orelha do 0 ao 10, achei isso doidera. Fiquei assim, nó, doidera… Fiquei com vontade. Também, igual falei, música mesmo, dos clipes que eu via, várias coisas tiveram uma certa influência… TV mesmo, a própria Globo, só que antes eu ficava assim, “ó que loucura”… Igual, do homem gato, homem lagarto… Eu via isso, achava bizarro, mas no fundo era achar bizarro pois tinha curiosidade em saber mais sobre aquilo, mas, no momento não podia expressar essa curiosidade, alguma coisa assim…

T. Angel: Entendi… A música bem dizer…
Victor Badaró: Foi bastante influente.

T. Angel: E o esporte…
Victor Badaró: Sim. O esporte porque no skate tem muita gente alternativa. Tinha, né? Sei lá como que é hoje.     

O skate e o parkour foram práticas vivenciadas por Victor. Foto: acervo pessoal de Victor Badaró

T. Angel: Quando percebeu que a perfuração poderia ser uma profissão? Conte-nos sobre o seu início.
Victor Badaró: Acho que foi quando um amigo meu me questionou, quando eu fui bifurcar a minha língua, do que eu iria trabalhar, em que área…   Talvez eu possa trabalhar com moda ou talvez, até piercing mesmo… Mas eu já não estava pensando mais em seguir a área da saúde. Seria alguma coisa mais alternativa. Passaram uns meses depois, eu ainda estava trabalhando, acho que já estava trabalhando na loja de skate, não lembro… Eu tinha saído de garçom, e estava pegando uns bicos na loja de skate. Peguei um dinheiro, fiz um investimento lá e comecei a estudar sobre piercing, mas não lembro o ano exato não, tenho que conferir. Foi nessa conversa e, mesmo assim, quando eu comecei fiquei com receio se dava para viver de piercing mesmo. Sempre questionava, “ô, você acha que rola mesmo”, enquanto eu estava estudando. E deu, que com a vida foi… Fui correndo atrás, modificando os trens, quando decidi mesmo trabalhar só com piercing. Piercing e depois modificação também, no meio… Estudar sobre.

Bifurcação da língua recém feita. Foto: acervo pessoal de Victor Badaró

T. Angel: E aí hoje, então, você trabalha somente com piercing e modificação?
Victor Badaró: Isso.

T. Angel: E está realizado?
Victor Badaró: Realizado a gente nunca está, mas está fluindo a vida. Tem funcionado bem, tá dando para pagar minhas coisas, é, eu vivo só disso, meu foco está só nisso… Não penso em outra profissão, em questão de viver não… As vezes só de curiosidade mesmo, mas assim eu tenho seguido na minha profissão, conseguido viver no meio dela.

T. Angel: Quais foram ou são suas referências no meio da modificação corporal?
Victor Badaró: Nossa! É tanta gente… Tipo, mudou tanta coisa hoje em dia, né? No presente são várias, igual, da modificação corporal, além do piercing, eu considero o Chai da Suécia, tem o Daniel do Brasil, tem o Cabelo de Belo Horizonte, tem o Chase Campbell, tem o Ian Bell também que são da Europa. Acho que da Europa mesmo, não tenho certeza se são da Europa ou Estados Unidos. Sei lá, tem vários outros, pensando de nome agora, falando rápido para entrevista, seria os primeiros nomes que me vieram.

T. Angel: Quais modificações corporais você tem (ou teve)?
Victor Badaró:
Nunca desfiz de nenhuma modificação, no máximo tirei uns piercings porque enjoei, mas voltei com a maioria… Eu tenho a bifurcação da língua, big helix (16 mm), alargadores, coin slot na concha, escarificação no braço, as tatuagens, tenho os implantes no braço e na mão esquerda. Alargador do septo, não sei mais o que eu tenho… Ah! A nulificação do mamilo. É tanta coisa que vira costume a gente nem lembra.

Foto: T. Angel

T. Angel: De todas elas, qual a sua favorita?
Victor Badaró: Acho que as favoritas são meu big helix e os implantes do meu braço e da minha mão.

Implante subdermal na mão. Foto: T. Angel
Big Helix e coin slot. Foto: T. Angel
Uma das quatro escarificações dos símbolos dos elementos naturais. Foto: T. Angel

T. Angel: Existem projetos futuros? Como isso se dá pra ti?
Victor Badaró: Eu tenho bastante, tenho que colocar os implantes do braço direito, são umas barrinhas. Tem um sol que eu quero colocar na mão. Tenho que estudar sobre, penso sobre a nulificação do umbigo. Tenho que fazer alguns exames para saber se eu posso. Acho que talvez mais algumas escarificações, mas eu tenho que definir isso. Tem os implantes genitais que eu quero colocar. E tatuagem, mas tatuagem é meio avulso… Não tenho muito planejamento não, sabe? Alguns eu já coloquei na cabeça tem uns anos, tem os implantes, mas as vezes vão surgindo mais ideias também, do que eu acho interessante.

T. Angel: Como você sente, na sua localidade, a relação e a recepção do seu corpo modificado? Já passou por alguma discriminação por conta do seu corpo?
Victor Badaró: Varia de onde estou… Eu não sei definir isso, mas fora do ambiente, rola preconceito sim e rola curiosidade. As vezes não é nem preconceito, a pessoa é curiosa e normalmente o ser humano parece não saber reagir com outro ser humano. Não sabe perguntar. Quando sabe perguntar, eu costumo responder, eu gosto de tirar as dúvidas sobre, até para diminuir esse preconceito, para a pessoa entender de uma forma melhor e ver que não é loucura da cabeça, e tem muita gente que acha isso, né? Mas vai muito do ambiente que eu estou. Igual, dentro do trabalho as pessoas normalmente olham. Ficam impressionada, fica mais curiosa, quer perguntar, quer ver como que é, pergunta como que foi feito… Mas tem ambiente sim, que também age de uma forma mais preconceituosa, varia muito a forma de lidar. Na rua, as vezes já aconteceu de gente me criticar, ah, é complexo isso…

Tem gente que me chama de doido, tem gente que já chegou a tocar no meu braço para questionar alguma coisa, perguntar se eu consigo trabalhar com isso ou se isso não atrapalha na minha vida social. E perguntar como é que vou arrumar um emprego, sendo que nem sabe se eu trabalho ou não… E eu falo que já tinha algumas modificações antes de estar no meio do piercing, eu sempre questionei algumas coisas… O povo fica mais preocupado com o que é o nosso futuro, se eu consigo uma vaga de emprego formal ou informal também por causa da minha estética, acho que mais isso, questão voltada a modificação que eu senti. E os olhos tortos, mas isso é normal… Olhares tortos.

Implantes subdermais no braço. Foto: acervo pessoal de Victor Badaró.

T. Angel: Você passou por um processo de nulificação dos mamilos. O que você poderia nos contar sobre a experiência?
Victor Badaró: Eu nulifiquei os dois mamilos. Quando eu era mais novo nunca me senti confortável com os meus mamilos. Acho que por conta de brincadeira de escola também, de fica apertando mamilo… Acho que alguns momentos viraram, sei lá, viraram alguns gatilhos. Então, tipo, nunca gostei de ficar sem camisa até uma certa idade. Depois quando fui ficando mais velho, foi quando perfurei os meus mamilos, foi um dos primeiros momentos que tive coragem de ficar sem camisa. E o meu mamilo eu perfurei nem foi por causa de mim… Era um amigo meu que queria perfurar o mamilo, tava com medo, eu fui e perfurei o mamilo junto, para que ele tivesse coragem. Mas após isso, fui e alarguei o mamilo, mas bem pouquinho, se eu não me engano em uns 3 mm. Depois de um tempo eu tirei, enjoei, ai fui conhecendo as modificações corporais, sobre nulificação e vi que existia a possibilidade de retirar o mamilo, falei, ó interessante… Só que passaram anos depois, sempre fiquei com isso no consciente, mas foi anos depois que eu virei e falei: ah, quero tirar. Aí eu fui me programando, teve um momento lá que rolou de fazer o procedimento. Foi bem tranquilo, foi legal tava tocando Childish Gambino… É, foi até engraçado tocar uma música calma para um procedimento assim… Mas foi até rápido, tranquilo… No pós eu fiquei na adrenalina bem sinistra, tanto que nem fui direto para casa. Era para ter ido, mas não fui… Fui conversar, fui sair na rua, fui conversar com os meus amigos e foi quando eu postei sobre… E teve um impacto bem grande dentro de casa, da família, alguns amigos, teve gente que deu uma resposta negativa, vieram comparar com doença… Tipo, eu não tenho culpa pelos gatilhos das pessoas, sendo que eu fiz uma coisa no meu corpo para eu ficar confortável comigo. Mas aí falaram, “ah me lembrou tal pessoa minha”,   só que eu falei, gente eu não tenho nada com isso, pensei, não desrespeitando a dor de alguém mas eu não fiz pensando nisso. Acho que foi a modificação mais extrema que fiz em questão de saber com quem respeita a minha opinião ou o que eu quero fazer e quem acha que tem domínio sobre o corpo do outro. Eu falo de pessoas próximas de mim, que diziam até ser amigas minhas… Penso que até amigos meus mesmo, mas os meus amigos, amigos mesmo, foram tranquilos. Só falaram “você é muito doido”, mas… Normal.

Momento da nulificação. Foto: acervo pessoal de Victor Badaró.

T. Angel: Você também tem uma relação próxima com a suspensão corporal. Como foi esse contato?
Victor Badaró: O meu primeiro contato foi com o clipe de Papa Roach que mostra, tem uma cena de suspensão lá e, eu fiquei assim ó, nó… Na verdade eu acho que já tinha visto antes num programa, só que eu tenho memórias ruins para esses programas bem de TV, sabe? Estava falando de uma forma de dar errado, a forma de uma pessoa suspensa… Mas eu fiquei com aquilo na cabeça. Aí depois eu vi o clipe do Papa Roach, achei interessante, futuramente, quando fui ter mais informações, lia sobre e estava esperando algum momento e aí rolou de eu me suspender… A minha primeira foi um suicide, com o João Alien e o Binha, foi bem legal, inclusive, não doeu na hora de perfurar, tava lá no meu corpo, tava tenso tanto que até desmaiei quando fui relaxar. Quando eu recobrei a consciência pedi para não tirarem os ganchos e aí em seguida eu consegui me suspender de novo, eu mesmo puxei me peso, o que ajudou, foi bem legal a primeira experiência. Suspendi duas vezes, foram experiências bem incríveis para mim. Foi um sentimento bem, bem grande mesmo. Pra mim eu acho que é um momento introspectivo, o momento da suspensão pra mim, é o momento de poder se apoiar comigo mesmo, apoiar o meu corpo, para me dar total segurança sobre a pele esticada.

T. Angel: Qual foi a sua suspensão corporal mais marcante?
Victor Badaró: A segunda foi muito mais marcante. Foi num evento do GEP que eu tinha conhecido bastante pessoas. Foi com o Alex (Indigenak), foi um coma, né? Eu já estava bem feliz pelo role, de ter conhecido as pessoas, o Alex, o Txeve, teve a Jenn também, uma galera que tava no GEP palestrando. E na hora de suspender, como foi coma, a gente fez as perfurações de uma vez. Lembro que foi a Yna, o Txeve eu fiz questão de chamá-lo para me perfurar junto, o Vinicius, que é um piercer que admiro bastante, e sabia que ele fazia facilitações para suspensão e o Alex. Esse foi o primeiro GEP que participei e já estava sendo bem incrível pra mim. Eu tive vários momentos ali, na hora, eu fiquei bastante tempo suspenso, pensei bastante coisa sobre a minha vida, sobre como tem fluido, como que eu tinha chegado onde eu estava que reflete até hoje onde eu estou aqui também. Então foi bastante importante. Foi uma troca de, sei lá, de sentimentos dentro ali. Muito intenso.

Registro da segunda suspensão. Foto: acervo pessoal de Victor Badaró.

T. Angel: Como você vê a questão racial no meio da comunidade da modificação corporal brasileira?Victor Badaró: Complicado. Eu vejo que, tipo, numa palavra que usa muito, o de indústria, você não vê tantas pessoas negras, eu falo, em lugares altos. Tipo, você não vê muitos, nem lembro, pensando aqui agora, de pessoas negras palestrando, por exemplo. A gente tem começado a ocupar mais a cena, mas acho que é bem pouco ainda. É bem apagado. Pessoas das antigas também, você não vê muito. Se você for olhar os nomes grandes, normalmente são de pessoas brancas e, eu acho bizarro isso, acho que não aconteceu assim. Só que é complicado para pesquisar também certinho, do que aconteceu, mas como contam a história, a maioria, quer dizer, todos eram brancos na história do piercing moderno. Isso já me pega um pouco no pé, sobre pensar que o piercing moderno foi totalmente, pelo que contam, de pessoas brancas que colocaram isso na indústria. É um role complicado, muito elitismo, eu estou num meio bem, assim, não reclamando da minha vida, tem sido maravilhoso estar onde eu estou, mas ao mesmo tempo eu tenho que questionar como que estou aqui e se eu estou seguro, né? Porque é um meio de muita gente, ou com dinheiro ou condição, e tipo assim, para você chegar onde está, precisa lutar muito. E muita gente que está, acredito que não teve tanto esforço por ter privilégios, sei lá… Eu não sei opinar nisso.

T. Angel: Mas em sua percepção tem um buraco?
Victor Badaró: Bem grande. Sim, um buraco bem grande.

T. Angel: Na história, enquanto a história moderna é toda, como você falou, contada e escrita, inclusive, por pessoas brancas, tem essa questão ancestral que não é nada branca, muito pelo contrário…
Victor Badaró: Sim! Muito pelo contrário.

T. Angel: E ainda assim hoje, não estou pensando na década de 70, estou pensando em 2022 é como você fala, ainda não se vê pessoas negras ocupando lugares de liderança dentro da comunidade e da indústria… Para além da comunidade penso...
Victor Badaró: Igual, palestras, congressos, conferências, eu não me lembro muito de além de pessoas brancas, maioria. 

T. Angel: Na sua percepção, isso é uma manifestação do racismo estrutural que a gente tem?
Victor Badaró: Acredito que sim. Porque querendo ou não, pra gente mesmo, para chegar é difícil. Então, quando você chega, normalmente já vai ter pessoas com uma visibilidade e mais facilidade, acredito eu.   São coisas enraizadas. E sim, com certeza existe um reflexo de racismo estrutural no meio disso, no meio de tudo, na verdade.

T. Angel: Inclusive dentro da comunidade e da indústria, no caso…
Victor Badaró: É… Igual em rede social mesmo. A gente pode ver que é bastante gente branca. Hoje em dia tem mudado aos poucos isso, mas vai saber até onde que vai… Tanto que estudos de perfuração, como lidar com a pele negra… Eu falo, não de tatuagem, mas falo de piercing, não vejo muita informação sobre e com certeza tem uma diferença de cicatrização e tudo. Saber lidar, igual, com cicatrizes… Modificação eu não tenho muita propriedade, não tenho muito estudo sobre escarificação, mas a gente só vê hoje em dia em pele branca no meio da modificação corporal atual, sem ser a ritualística… Quer dizer, tem modificação corporal atual ritualística… mas eu digo, sem ser de uma família africana, de uma cultura africana, você vê é que todo mundo modificado branco. Você vê isso, a maioria, bem pouca gente negra…

T. Angel: Pensando a comunidade da modificação corporal, que tem vários recortes, se a gente olha para parte da tatuagem que também passou pelo mesmo processo de embranquecimento, de elitismo, impacto da branquitude, inclusive, etc…   Mas a gente começa ver um movimento importante de afirmação das pessoas pretas se organizando ou em estúdio ou em projetos ou em rede social para divulgar informações, divulgar o trampo, fortalecer o trampo das pessoas pretas e etc… Isso a gente percebe muito facilmente no meio da tattoo. Como que você vê isso no piercing? Existe algo parecido? Existe uma reflexão sobre tudo isso no meio do piercing ou ainda a gente está num outro lugar?
Victor Badaró: Que eu saiba não. No máximo foi aquela lista no FRRRKguys sobre piercers negros, teve de tatuador também… Acho que no máximo isso. Então, tipo, nada. Não desmerecendo, mas falo assim, comparado, não vi coisas sobre isso, nunca vi sobre… Não só sobre pessoas negras, mas indígenas também. E olha de onde vem o piercing...

T. Angel: Por que você acha que não tem essa organização?
Victor Badaró: Eu acho que nunca vi ser pautado. Eu nunca vi. Eu acho que não, ao menos nunca vi.

T.Angel: Quais os seus projetos para o futuro para além do campo da modificação corporal?
Victor Badaró: Não saindo tão fora assim, apesar que acaba caindo de novo, seria a ourivesaria mesmo no momento. É o que tenho em mente no momento. Tem várias outras coisas que quero aprender, mas… Estou pensando em paraquedismo, essas coisas… Sei lá, as vezes aplicar isso junto da modificação, igual da suspensão. São sonhos longes… Eu gosto bastante de esporte radical, mas não sei, agora seria mais ourivesaria mesmo, que eu quero colocar em projeto, da minha carreira mesmo, da minha vida de trabalho, essas coisas.

T.Angel:  O que você poderia dizer para as novas gerações que estão a chegar na comunidade da modificação corporal e comunidade freak, principalmente para jovens negres que desejem atuar profissionalmente na área?
Victor Badaró: Estudar bastante, correr atrás, falo, pesquisar e olhar informações , boas referências, procurar sempre informações corretas. Nada é uma verdade absoluta mas aos poucos a gente vai sabendo o que serve para o bem e o que serve para o mal. Não ter vergonha de perguntar para outros profissionais, apesar que sempre vai ter alguns que não vão querer responder, ou então, vão ser meio toscos e, tem momento também, que nem todo mundo quer responder, mas sempre sabendo perguntar e pedir a informação de uma forma correta, você vai conseguir as coisas aos poucos, da forma que quer, vai aprendendo  e sempre que tiver oportunidade vão atrás para poder aprender. Acho que o mais importante é aprender. Não virar e falar que sabe, acho que é isso.

Foto: T. Angel

OSASCO, NOVEMBRO, 2022

T. Angel: @tang3l
Victor Badaró: @sadbadas @victbadar

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