História do olho leva ao palco um conto de fadas pornô-noir e a suspensão corporal

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Foto: Cacá Bernardes / Divulgação

História do Olho não pode ser a autobiografia de Bataille, nem do narrador – é uma autobiografia do olho. Nela evidencia-se uma concepção impiedosa do sexo, que insiste em afirmar a precariedade da matéria para concluir que toda experiência erótica está fundada em um princípio de dissolução.”  

Eliane R. Moraes

Em livre adaptação da célebre novela História do Olho de Georges Bataille (1897-1962), Janaina Leite dá continuidade à sua pesquisa sobre teatro e pornografia. Com 12 performers em cena, entre amadores e profissionais, o espetáculo híbrido entre ficção e não-ficção, adota a própria estrutura de “História do Olho” dividida em “fábula” e “reminiscências” para contar a história de três adolescentes em suas descobertas sexuais. Entre a teatralidade ostensiva e o explícito da pornografia o espetáculo recria essa fábula noir entre o vulgar e o sublime,  o mundano e o cósmico, o ordinário e o abissal. Ingressos no Sympla!

Um dos destaques da programação da MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, o espetáculo de Janaina Leite, que assina a direção e dramaturgia, além de estar em cena, estreou no TUSP, dia 8 de julho, sexta-feira, às 19h, (pré-estreia para convidados dia 7 de julho, quinta-feira, às 19h). Livremente inspirada na novela História do Olho, de Georges Bataille, a montagem aprofunda a investigação da relação e fronteiras entre teatro e pornografia, reivindicando a pornografia como uma arte cênica.

Contemplado pela 13ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura, o espetáculo hibridiza ficção e não-ficção e traz à cena performers amadores e profissionais – André Medeiros Martins (ele/dele), Anita Saltiel (ela/dela), Armr’Ore Erormray (elu/delu), Carô Calsone (ela/dela), Cusko (ela/dela), Dadu Figlioulo (ele/dele), Georgia Vitrilis (ela/dela), Isabel Soares (ela/dela), Lucas Scudellari (ele/dele), Ultra  Martini (ele/dele), Vinithekid (ele/dele) e Tadzio Veiga (ele/dele) – entre eles trabalhadores amadores e profissionais do sexo.

Com a colaboração de Lara Duarte, parceira de criação em Stabat Mater e Camming 101 Noites, e do multiartista André Medeiros Martins, que realiza trabalhos sobre arte e pornografia em diferentes plataformas, HISTÓRIA DO OLHO – UM CONTO DE FADAS PORNÔ-NOIR segue a estrutura do livro para contar, em cenários de contos de fadas, o início da vida sexual do jovem narrador a partir do encontro com as adolescentes Simone e Marcela. A partir daí, o trio passa a experimentar a sexualidade de forma bárbara e desenfreada.

No entreato, o público assiste a um show com música ao vivo e performances pornográficas. Entre a teatralidade ostensiva e o explícito da pornografia, o espetáculo recria essa fábula noir entre o vulgar e o sublime, o mundano e o cósmico, o ordinário e o abissal. Ao fim, Janaina assume a cena como diretora-performer para contar em primeira pessoa o surpreendente capítulo “Reminiscências”, em que Bataille conta as origens biográficas que suscitaram a escrita do livro, fazendo do autor seu próprio alter ego pornográfico.

Move essa proposta, ao trazer a pornografia como central, o desejo de revolver, de maneira lúdica, marcas profundas de como nos relacionamos com a sexualidade, com os arquétipos de masculino e feminino, com os arranjos que estruturam a sexualidade”, conta Janaina Leite.

O espetáculo tem levado ao teatro a suspensão corporal para composição da trama, coordenadas por Pombo Morcego e Blue Mermaid e equipe de apoio. Ao todo, aproximadamente vinte suspensões deverão ocorrer até o fim da temporada.

Equipe trabalhando na cena da supensão. Foto: Rafa Steinhauser / divulgação

HISTÓRIA DO OLHO | De 8 de julho a 7 de agosto, quinta-feira a sábado às 19h e domingo às 18h | 70 lugares | 180 min. (com intervalo) | R$ 30,00 e R$ 15,00 (já à venda pelo Sympla) | 18 anos.

FICHA TÉCNICA Idealização, direção, dramaturgia e performance: Janaina Leite | Dramaturgismo e Assistência de direção: Lara Duarte e André Medeiros Martins | Performers Criadores e Depoimentos: André Medeiros Martins, Anita Saltiel, Armr’Ore Erormray, Carô Calsone, Cusko, Dadu Figlioulo, Georgia Vitrilis, Isabel Soares, Lucas Scudellari, Ultra Martini, Vinithekid e Tadzio Veiga | Composições originais e performance: André Medeiros Martins, Ultra Martini e Vinithekid | Luz: Wagner Antônio | Figurino: Melina Schleder | Preparação Corporal: Lara Duarte | Arranjos e Desenho de Som: Renato Navarro | Produção Musical:  Mateus Capelo | Suspensão: Pombo Morcego, Blue Mermaid e performers convidades | Concepção de manequins articulados e assistente cenográfico:  Tadzio Veiga | Cenotécnicos: Edson Luna e Wanderley Wagner da Silva | Direção de Produção: Carla Estefan | Assistentes de produção: Samuel Rodrigues e Letícia Karen | Coordenação de palco: Cusko | Operação de som ao vivo: Vinithekid | Técnico de som: Renato Navarro | Operadores de luz: Felipe Tchaça e Aline Sayuri | Colaboradores: Eliane Robert Moraes, Christine Greiner, Biaggio Pecorelli, Bruna Kury, Ediyporn, Beto Profeta, Artur Kon e Rodolfo Valente | Assessoria de Imprensa: Frederico Paula – Nossa Senhora da Pauta | Fotos: Cacá Bernardes | Design Gráfico: Sato do Brasil | Mídias Sociais: André Medeiros Martins | Ilustração da arte: Flopes | Foto da ilustração: Dadu Figlioulo | Gestão de projeto, Administração e Difusão: Metro Gestão Cultural | Apoio: Teatro Mars e Centro Cultural da Diversidade | Coprodução: Mostra Internacional de Teatro de São Paulo | Realização: Secretaria Municipal de Cultura através do 13° Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo, TUSP e Metro Gestão Cultural.

Atenção: obrigatório a apresentação de comprovante (virtual  ou físico) de vacinação completa (mínimo 2 doses) e o uso de máscara durante toda a apresentação. O espetáculo possui cenas de pornografia explícita e performance de suspensão corporal (18 anos)

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