Trisal é preso por trabalho análogo à escravidão e forçar vítima a tatuar suas iniciais

“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor.”
Paulo Freire

 “Qualquer debate acerca de metas educacionais carece de significado e importância frente a essa meta: que Auschwitz não se repita. Ela foi a barbárie contra a qual se dirige toda a educação. Fala-se da ameaça de uma regressão à barbárie. Mas não se trata de uma ameaça, pois Auschwitz foi a regressão; a barbárie continuará existindo enquanto persistirem no que têm de fundamental as condições que geram esta regressão. E isto que apavora.”
Theodor Adorno

Em Planura, Triângulo Mineiro, três homens foram presos pela Polícia Federal por manterem duas pessoas em situação análoga à escravidão. Uma das vítimas, teve o corpo tatuado com as iniciais de um dos escravocratas como forma de marcar “a posse”.

A identidade do trio não foi revelada, mas suas idades e profissões sim, respectivamente 57, 40 e 24 anos de idade. Contador, administrador e, assustadoramente, um professor. Três homens, possivelmente homossexuais, estão sendo acusados por trabalho forçado, cárcere privado, exploração sexual e violência física e psicológica.

Os suspeitos aliciavam pessoas LGBTQIAPN+ em situação de vulnerabilidade socioeconômica e afetiva oferecendo moradia, alimentação e trabalho, quando na verdade e na prática acontecia uma das mais hediondas violências. Uma das promessas era que as vítimas poderiam concluir o Ensino Médio, o que nos faz pensar, sobre acesso e permanência na educação. Ainda que a educação seja um direito constitucional ainda não alcança todas, todos e todes. Pessoas perversas utilizam esse tipo de problema e ferida para manipulação e exploração, como no presente caso.

Um homem gay nordestino ficou em situação análoga à escravidão por 9 anos. Ele teve o seu corpo marcado com a tatuagem e foi violado de muitas maneiras. A outra vítima foi uma mulher trans do Uruguai, que não passou pelas mesmas violações mas assistiu todas elas enquanto esteve em cárcere.

Não podemos esquecer nunca que modificação corporal sem consentimento é violação dos direitos humanos. É tortura, é violência física e psicológica. Os campos de concentração nazistas já deveriam ter nos ensinado isso, todavia, considerando a nova ascensão nazifascista pelo mundo, visivelmente aprendemos muito pouco ou quase nada.

O caso foi investigado após denúncia anônima no Disque 100, o número recebe denúncias de violação dos direitos humanos. As vítimas seguem agora em acompanhamento e suporte médico, jurídico e psicológico.

REFERÊNCIA

Trisal é preso por manter homem em trabalho análogo à escravidão por 9 anos e forçá-lo a tatuar iniciais dos patrões em MG
https://g1.globo.com/mg/triangulo-mineiro/noticia/2025/04/25/trisal-e-preso-por-manter-homem-em-trabalho-analogo-a-escravidao-por-9-anos-e-forca-lo-a-tatuar-iniciais-dos-patroes-em-mg.ghtml