Aleatorium: a tatuagem encontra a action painting

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Fotos: reprodução / FilmLite.pl

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Prefiro atacar a tela não esticada, na parede ou no chão […] no chão fico mais à vontade. Me sinto mais próximo, mais uma parte da pintura, já que desse modo posso andar em volta dela, trabalhar dos quatro lados, e literalmente estar na pintura […]. Quando estou em minha pintura, não tenho consciência do que estou fazendo.”
Jackson Pollock (1912-1956)

A citação acima é do pintor norte-americano Jackson Pollock (1912-1956). As palavras ditas em 1947, definem de modo sintético os traços essenciais de sua técnica e estilo de pintura, batizado de action painting pelo crítico norte-americano Harold Rosenberg, em 1952. Pollock estirava a tela sobre o solo, fugindo da tradicional pintura de cavalete. Sobre a tela, a tinta – metálica ou esmalte – é gotejada e/ou atirada com “paus, trolhas ou facas”, ao ritmo do gesto do artista, há uma ação que é importantíssima para construção da obra. O pintor é parte da pintura. O trabalho é fruto de uma relação explícita corporal.

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E o que pode acontecer quando a action paiting encontra a tatuagem? O projeto de performance art de nome Aleatorium (2014) do artista Pain Ting (Szymon Gdowicz), da Cracóvia, Polônia, nos responde de um modo bastante bonito. Szymon faz clara referência a tradição da action paiting, aqui, em um contexto único de íntima relação entre o modelo e o artista. Diferentemente de Pollock, sua obra não ficará presa aos museus e galerias, mas circulando pelas ruas e presente na memória física de quem pinta e de quem recebe a pintura.

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Tanto um artista quanto o outro sugerem rupturas. Dessa vez, nem cavalete e nem tela e sim a pele é que se torna parte da pintura. Szymon rompe também ao trabalhar com a técnica da tatuagem free-hand, contando justamente com formas aleatórias que surgem da ação da tinta sendo despejada no corpo. Em outras palavras, se concebe uma peça de ornamentos únicos, uma vez que as formas que surgem dependem do corpo suporte e do movimento do artista, o que se faz com a tinta que delineia é o que será marcado de forma indelével na pele. A casualidade e o improviso endossam essa ação.

Abaixo você pode assistir o vídeo do trabalho.

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