Amor: mãe pede por respeito para sua filha com modificações corporais

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14291801_1256554464377956_4962914572051219047_n(Foto: reprodução / Garotas Tattoo)

Em dezembro de 2015 escrevemos o longo texto “Da mesma família até que as modificações corporais…“, fazendo uma análise crítica sobre a instituição familiar. Especificamente sobre as relações autoritárias e violentas que circulam no âmago dessa instituição. Pois bem, voltamos a tocar no assunto, no entanto, dessa vez com uma outra perspectiva. Afinal de contas, como canta lindamente o Criolo, “as pessoas não são más, elas só estão perdidas. Ainda há tempo“.

Esta semana acompanhamos pelo Facebook, com uma certa comoção boa, a publicação da mãe, a Roseli Rosa, que é nossa leitora inclusive. A publicação trazia uma foto de sua filha – uma garota com diversas modificações corporais (foto acima) -, acompanhada do texto que reproduzimos abaixo:

“Quem colore a minha existência!
Esse ser lindo e maravilhoso que eu tenho na vida. Como eu sempre digo: ninguém precisa achar linda, apenas a respeite como pessoa, porque senão o bicho pega!”
Minha gata, excêntrica e única. Você é meu lindo pássaro multicolorido, estarei sempre atenta.”

O que exatamente nos comove, você deve estar a se perguntar agora. Muitas respostas poderiam servir aqui. Primeiro que não é comum assistirmos mães e pais demonstrarem publicamente o seu amor e apoio para que suas filhas, filhos, filhes explorem seus corpos e subjetividades, inclusive através de procedimentos de modificações como a tatuagem, a bifurcação da língua e etc, como apresentamos no texto de dezembro mencionado acima. Segundo que é um gesto tão simples, ora, uma mãe demonstrar amor e suporte por sua filha, mas que justamente por isso, merece ser visto com carinho pelos olhos. Precisamos falar sobre as relações de amor, como possíveis, principalmente em tempos duros como os nossos. Precisamos escrever sobre essas histórias também, até para mostrar outras possibilidades para pessoas que por desventura do destino (chame-se lá como quiser) tenha perdido as esperanças na humanidade. Precisamos escrever sobre suporte mútuo e não aceitar como fato consumado e imutável que as nossas diferenças estéticas (e todas as demais) precisam necessariamente nos segregar ou nos privar do afeto. Ninguém merece ser privada ou privado do afeto, ninguém.

Não sei vocês, mas gostamos de pensar que existam pessoas, nesse exato momento, que não precisam estar com medo em suas casas, que não se sintam rejeitadas, odiadas, ameaçadas ou que suas existência precisam ser silenciadas para atender imposições, dogmas e normas de terceiros. Gostamos de pensar assim, pelo menos aqui e agora, não para vivermos em mundo colorido de algodão doce, pois a realidade é mais brutal do que isso, mas para sabermos que existe ali no horizonte um lugar onde todas, todos e todes nós podemos co-habitar e co-existir em harmonia. Um lugar onde as diferenças são celebradas, não temidas e não odiadas.

Que no futuro não tenhamos que escrever sobre isso ainda como um certo ineditismo, como caso isolado ou como a exceção da regra. Aspiremos o amor. Um beijo para a mãe e filha, como símbolo de que podemos nos tornar algo melhor, todo dia um pouco mais.

 

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