Belo Horizonte: Estudantes são barradas em vestibular para medicina por usarem piercings

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vestibular-850x491(Foto: reprodução / BHaz)

Segundo notícia do portal BHaz, quatro estudantes procuraram a Polícia Militar (PM) de Belo Horizonte na tarde do domingo (20) após serem impedidas de realizar o vestibular da Faculdade de Ciências Médicas. Na matéria escrita pela jornalista Maira Monteiro, as jovens relataram que já estavam nas salas de aula, preparadas para iniciar as provas, quando foram informadas de que deveriam retirar anéis e piercings. Uma das candidatas não conseguiu remover acessórios que estavam presos aos dedos, enquanto as outras precisavam de instrumentos específicos para afrouxar joias da orelha e do nariz sem machucar.

Todos os casos foram registrados em um mesmo local destinado à aplicação da prova na Rua Aimorés, no bairro Funcionários. As estudantes disseram que só foram avisadas da rigorosa proibição do uso de joias ao serem orientadas por fiscais na entrada das salas de aula, muito embora as informações estavam expressas no edital da instituição. “Eu fiz esse mesmo vestibular no ano passado e não teve absolutamente nada do tipo. O problema é que não orientaram antes dando destaque de que seriam tão severos quanto a isso. Fiquei sabendo ali na hora e não tinha como tirar os anéis dos meus dedos, estavam presos”, contou Natália Santos, de 18 anos, ao BHaz  que disputaria uma vaga no curso de medicina.

A jovem disse ainda ao Bhaz que foi levada pelo fiscal para uma sala da coordenação, onde descobriu que mais de trinta candidatas estavam na mesma situação. “Algumas garotas estavam desesperadas e conseguiram um alicate, foram cortando os piercings. Saíam com a orelha vermelha e até sangrando para fazer a prova. Mas o meu caso não tinha jeito, comecei a machucar meus dedos na tentativa de tirar. O médico que estava de plantão para acompanhar o vestibular disse que só serrando iria sair”, relatou a estudante.

A taxa de inscrição para o vestibular do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas foi de R$400,00 (quatrocentos reais). Já para os cursos de Enfermagem, Fisioterapia e Psicologia, R$50,00 (cinquenta reais).  E o edital do concurso para 2017 dizia expressamente que:

“7.7. Durante a realização das provas, não será permitida a comunicação entre candidatos. Está vetada a utilização de chapéu, boné ou similares; óculos escuros; arco e faixa no cabelo, protetor auricular, pontos magnéticos de acupuntura, colares, pulseiras, brincos, piercings e anéis, de telefones celulares, tablets, MP3 ou MP4, players ou similares, de controle remoto, de máquinas calculadoras ou similares, receptor ou emissor de sinais, de aparelhos eletrônicos em geral, de relógios (qualquer tipo), de livros, de anotações, de impressos e de qualquer material de consulta. Também não será permitido o porte de armas. Os candidatos com cabelos longos devem permanecer durante todo o tempo da prova com os cabelos presos, deixando as orelhas à mostra, podendo as mesmas ser examinadas a qualquer momento da prova. Não será distribuído material para prender os cabelos.” (grifo nosso)

No entanto, o que se esperava que se soubesse ou que tivesse esclarecido, principalmente por se tratar de uma faculdade de ciências médicas, é que um body piercing, em muitos casos, não carrega a mesma simplicidade de um brinco no lóbulo da orelha. Em outras palavras, não é tão simples colocar e/ou retirar. Algumas perfurações – variando o tempo e local de perfuração e corpo – podem rapidamente ficar obstruída, o que obviamente irá machucar o corpo quando houver a tentativa de se recolocar a joia. Em outros casos é preciso realmente da ajuda de instrumental adequado para se retirar a joia do corpo. O que queremos dizer é que precisamos entender aquilo que estamos propondo e no caso em questão o bom senso parece ter ficado esquecido. 

As jovens que registraram boletim de ocorrência ainda relataram à PM que a coordenadora presente no local alegou que a regra constava no edital do vestibular. Sim, estava, mas nem por isso quer dizer que aquilo que está escrito tem alguma coerência. Porém as estudantes pontuaram que, nos anos anteriores, mesmo existindo a norma, não havia proibição de uso de piercings no nariz e no alto da orelha, muito menos de anéis, durante as provas. “Até já vi processo seletivo com todo esse rigor, mas havia um médico de plantão que avaliava se o candidato tinha como tirar aquele acessório. Se não existisse alternativa, ele liberava com um atestado”, contou outra garota barrada, que pediu para não ser identificada.

Por meio de nota, a Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais reforçou que o edital do vestibular proibia o uso de diversos itens – como colares, anéis, brincos e piercings – com o intuito de garantir a lisura do processo seletivo, ou seja, entendem o piercing como qualquer outro adereço, quando a dinâmica é outra e aparentemente desconhecida. “Os candidatos, ao chegar ao local da prova portando algum dos itens não permitidos, foram orientados a retirá-los antes de entrar na sala para que pudessem realizar a prova. Dessa forma, àqueles que não cumpriram a determinação do edital, não puderam realizá-la”, ressalta o comunicado.

No mais, chegamos em um nível de corrupção que precisamos assistir sistemas violentos de vigia e punição colocados em processos seletivos para ingresso em universidade, que historicamente carregam a violência da exclusão social. Algo está bastante errado nesse nosso tempo e não é o body piercing

 

REFERÊNCIA
Concurso Vestibular 2017
http://www.cmmg.edu.br/wp-content/uploads/2016/09/CV-2017-Edital-de-inscricao.pdf
Estudantes são barradas em vestibular para medicina por usar anéis e piercings
http://bhaz.com.br/2016/11/21/estudantes-sao-barradas-em-vestibular-para-medicina-por-usar-aneis-e-piercings/

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