Cobertura exclusiva: workshop de Steve Haworth no Brasil

Fotos: T. AngelDSC00783

“Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;
Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis.”

Bertold Brecht

Ontem aconteceu em São Paulo o workshop com o profissional Steve Haworth, considerado um dos nomes mais importantes da modificação corporal moderna. O evento integrou o calendário das comemorações de 20 anos de carreira de Steve.

É importante dizer que houve um esforço hercúleo por parte da organização para que o evento pudesse acontecer. Dificuldades além das que são exigidas como necessidades inerentes a qualquer evento. Hoje no Brasil fazer um encontro – ainda que seja de estudos, como neste caso – sobre as modificações corporais implica em ter que defender para a nossa própria comunidade de que o que fazemos vai além de questões maniqueístas. Parece que nós ainda não entendemos que o que fazemos é um fenômeno social, cultural e por sua vez, histórico. Esbarramos de maneira truculenta na questão posta pelo poeta e dramaturgo Brecht (1898-1956)  em que diz “que tempos são estes, em que temos que defender o óbvio?” Gostaríamos de deixar isso claro não para fins de justificativa, tão pouco no papel de autocomiseração. Falamos isso na intenção de deixar registrado a situação atual das modificações corporais no Brasil e principalmente fazendo votos para que ela mude. Que seja no mínimo a parte de um processo de mudanças e melhorias para as gerações futuras.

A abertura do workshop de Steve Haworth contou com uma palestra de T. Angel, que tratou a questão mencionada acima, dentre outras análises sobre questões atuais. Frisou-se a importância de que os estudos não cessem, que a coletividade se fortaleça e prevaleça frente ao autoritarismo e a opressão, por fim, que se encontre maneiras de coexistência que não produzam e não reproduzam violências. A primeira parte se encerrou com uma pequena homenagem à memória de pessoas da comunidade que faleceram recentemente.

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Na sequência tivemos uma aula com o profissional argentino Matias Rata Tafel. A abordagem foi bastante específica e técnica, principalmente no que se refere ao campo estéril.

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Por fim, o momento mais esperado por todas as pessoas presentes, as aulas com o próprio Steve Haworth. Extremamente acessível e com uma didática que é fruto de suas duas décadas de estrada, o profissional abordou temas somo surface, genital beading, implante magnético e dermal punch. Não houve nenhum procedimento durante o workshop, ainda assim foi possível esclarecer dúvidas e aprender com quem criou as técnicas e/ou aprimorou ferramentas para que elas fossem possíveis e mais seguras.

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Esperamos que a vinda de Steve Haworth ao Brasil continue reverberando por muito tempo. Que mais profissionais do porte dele possam vir ao Brasil ensinar para as pessoas que querem aprender. Que esses profissionais possam vir sem receio de sofrerem perseguições e ameaças de maneira velada, direta ou indireta. Pelo que percebemos de alguns profissionais nacionais, mais do que disposição em aprender, existe uma necessidade de conhecimento e ninguém tem o direito de negá-los isso. Para terminar vamos parafrasear o próprio Steve, que no início do workshop de domingo disse que “ainda está aprendendo, que o processo de aprendizagem só termina quando morremos”. Aprendamos!

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