As tatuagens e o declarado preconceito do colunista J. J. Camargo

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Colunista do Caderno Vida, de Zero Hora, o doutor J. J. Camargo escreveu um artigo – publicado na data de ontem- sobre “a moda da tatuagem na atualidade“. (sic) Título este que não traz nada de novo e o preconceito expresso em suas ideias é tão velho quanto caminhar pra frente. O doutor e formador de opinião não inova em absolutamente nada, na verdade sugere uma longa caminhada para trás.
O texto expressa a opinião do médico e de tantos outros cidadãos espalhados pelo mundo. O artigo não é livre de uma intenção leviana acerca das tatuagens. Assim como não é livre de todo o conservadorismo e olhar machista que estão presentes na composição textual, expresso em suas menções nas pequeninas tatuagens das mulheres. Repetimos: somente das mulheres e que tem a obrigação de serem lindas na concepção do autor. Lindas para quê e quem? Questionamos em qual conceito de belo o autor se debruçou. Questionamos ainda mais o sugerido “dever de ser linda” proposto pelo doutor.

“Algumas mulheres, lindas e solenes como devem ser as lindas, batem o ponto com uma florzinha discreta na nuca, só visível quando, cheias de charme, enrolam os cabelos sob a aparente alegação, sempre falsa, de calor no pescoço.
Outras implantam um coraçãozinho colorido na virilha, onde só será visto por quem tenha tanta intimidade que ajude a remover o biquíni.
Até aqui, é pelo menos tolerável. Mais do que isso: é discutível. A propósito, qualquer tatuagem no dorso do pé parece sujeira.”

Novamente, o autor não inova em nada, segue com o status quo no quesito de um padrão estético normativo, ocidental, heterossexual, branco e cristão.

A opinião do J. J. Camargo é um triste retrato de uma moral falaciosa que habita o nosso tempo.
Sugerimos assim uma alteração no título do artigo de “As tatuagens” para “Os preconceitos”.

“Claro que todos têm o inviolável direito de dar o destino que lhes agradar a sua própria aparência. Até os que praticam a aberração de tatuar o corpo inteiro, que dá aquele aspecto grotesco e repulsivo, e que desafiam os psiquiatras de plantão a tratar uma falência tão absoluta da autoestima. Não saberia como ajudá-los, e, assim, me limito a assistir, sem compreender.”

Definitivamente o texto do médico nos mostra que ele não sabe como ajudar, quiçá nem a si próprio. E não, ele não se limitou a assistir quando colocou cada palavra em sequência formando esse artigo vergonhoso. Mostrando-nos que não só não compreende as práticas da tatuagem na contemporaneidade, como tenta se livrar da sua responsabilidade em formar opiniões duvidosas e perigosas acerca do tema. Resumindo, tudo muito ruim.
Bem, essa é a nossa opinião.

 

 

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3 thoughts on “As tatuagens e o declarado preconceito do colunista J. J. Camargo

  1. Ainda estou chocado com o artigo postado pelo Zero Hora, uma exibição de conservadorismo e preconceito ovacionado por muitos nos comentários. Concordo que ele tem o direito de expressar sua opinião, assim como todos temos o nosso de nos tatuar (o corpo inteiro caso queira). Apenas acho que, ainda por per um colunista formador de opinião, o autor teve uma péssima e infeliz escolha de palavras. O jornal Zero Hora perdeu muita credibilidade ao postar esse artigo.

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