Quatro anos depois: Entrevista com Karine Guimarães sobre o eyeball tattooing

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Fotos: Ray Barbosa

Em 2014 entrevistamos a tatuadora profissional Karine Guimarães, para falarmos sobre os seus olhos pretos. Naquela época, por conta do eyeball tattooing, havia um discurso circulando nas redes sociais (e além dela) tentando desqualificar Karine enquanto uma profissional da tatuagem e conversamos sobre isso naquele momento. Agora, três anos depois daquela conversa, voltaremos a falar sobre os seus olhos. Dessa vez queremos saber como está a sua saúde ocular e como estão suas interações sociais. Como da outra vez, optamos em fazer as questões de maneira bastante didática, para tentar ao máximo que esse material tenha um potencial educativo. Pode ser que em algum momento soe repetitivo e primário demais, mas se é esse o nível que ainda nos encontramos, é assim que precisa ser.

A escolha ainda nessa didática é por saber que não existem pesquisas científicas (em seus variados campos) sendo feitas no Brasil para entender os efeitos do eyeball tattooing. Então essa conversa, pretende ser um registro de informações acerca do procedimento, para que lá na frente possamos, talvez e quem sabe, conhecê-lo melhor.

T. Angel: Aqui estamos nós mais uma vez para conversamos sobre os seus olhos pretos. Quanto tempo faz que você fez o procedimento eyeball tattooing?
Karine Guimarães: Essa semana fez exatamente 4 anos.

T. Angel: De 2013, quando conversamos pela primeira vez, para cá, como estão os seus olhos, no sentido de saúde ocular?
Karine Guimarães: Meus olhos continuam com a mesma saúde. Nada mudou, enxergo tão bem quanto sempre enxerguei, inclusive fui no oftalmologista essa semana medir minha pressão ocular, dentre outros exames e esta a mesma coisa de anos atrás quando tinha feito a pigmentação.

T. Angel: Em relação a pigmentação, quais foram as principais mudanças que você percebeu durante esses quatro anos?
Karine Guimarães: Durante os 2 primeiros anos não notei nenhuma diferença, mas ano passado percebi que meus olhos estavam nitidamente mais claros na luz natural, e comecei a reparar mais… Dependendo da luz eles ficam acinzentados e as vezes puxa para o azul mais escuro. Tomei um susto quando percebi isso pois nunca pensei na possibilidade de um dia ter que retocar.

T. Angel: Quando conversamos em 2013, você nos disse que não tinha ficado com falhas em nenhum dos dois olhos. Como está isso hoje?
Karine Guimarães: Sim, quando eu fiz os 2 olhos ficaram bem pretos, hoje percebo pequenas falhas na parte de cima, onde as pálpebras cobrem. Não chega a estar branco, mas esta esta mais falhado que antes.

T. Angel: Shannon Larratt disse em uma de suas matérias sobre o procedimento, considerando como um dos riscos, que haveria a chance da tinta espalhar ao ponto de chegar a vazar pela região abaixo dos olhos. Aconteceu isso com você?
Karine Guimarães: Não, não tive nenhuma vazamento, nem antes e nem agora. As pessoas que conheço que apresentaram esse problema de vazamento, que eu saiba, sempre apresentaram logo na primeira semana pós o procedimento.

T. Angel: Durante esses quatro anos teve algum tipo de dano em sua saúde ocular?
Karine Guimarães: Não. A minha saúde ocular esta ótima, tão boa quanto sempre foi, como meu oftalmo disse, não preciso de óculos nem pra tatuar.

T. Angel: Em 2013 você nos disse que não tinha sensibilidade à luz e que tão pouco ficava a lacrimejar o tempo todo, contrariando os rumores da época que afirmavam de modo generalizado que todas as pessoas estavam com sensibilidade e o excesso de lacrimejamento. Durante esse tempo esses dois sintomas apareceram para você?
Karine Guimarães: Não, nunca apareceram. Intolerância à luz só tive nos 4 primeiros dias, quando o procedimento ainda esta em fase de cicatrização e lacrimejei um pouco também, mas apenas nessa fase. De modo contrário, alguns amigos próximos me relataram que estão com intolerância à luz e alguns me disseram que essa sensibilidade esta aumentando pra eles com o passar do tempo.

T. Angel: Como está a qualidade de sua visão hoje?
Karine Guimarães: Minha qualidade de visão esta ótima!

T. Angel: Está ficando cega?
Karine Guimarães: Não estou ficando cega, nem perto disso! Enxergo melhor do que a maioria dos meus amigos e eles não tem eyeball tattooing.  risos

T. Angel: Continua contra o projeto de lei que pretende tornar crime a prática do eyeball tattooing no Brasil?
Karine Guimarães: 
Claro! Sempre serei contra, além de achar que no Brasil temos causas de mais emergência e importância, não vejo sentido em uma lei dizer o que você pode ou não fazer com seu próprio corpo.

T. Angel: Socialmente falando, quais as mudanças que você percebe em relação a aceitação do procedimento durante esses quatro anos?
Karine Guimarães: Percebo algumas mudanças, o preconceito ainda existe, mas percebo que diminuiu muito, principalmente dentro da comunidade da modificação do corpo, que no ano que fiz, a maioria foi contra e pareciam torcer pra que algo desce errado com meus olhos. Hoje percebo que já aceitaram mais. Algumas pessoas que foram contra no começo já vieram conversar comigo sobre o procedimento, depois me disseram que mudaram a ideia inicial. Acho que porque já se passou um tempo e está todo mundo enxergando de boas. Até os curiosos, de lá pra cá, mudaram um pouco a postura. Agora quando vão me perguntar algo já pelo menos sabem que é eyeball tattooing e não lentes de contato. risos

T. Angel: Podemos contar com uma conversa nos próximos anos para fins de pesquisa e acompanharmos de perto os efeitos (ou a ausência deles) do eyeball tattooing?
Karine Guimarães: 
Claro, sempre estarei disponível para esclarecer o que eu puder sobre esse procedimento. Um beijo pra todos do FRRRKguys.

Assista no vídeo abaixo uma conversa sobre o procedimento eyeball tattoing

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3 thoughts on “Quatro anos depois: Entrevista com Karine Guimarães sobre o eyeball tattooing”

  1. quando fiz o meu procedimento, não apresentei sensibilidade a luz nem nos primeiros dias! o meu foi bem tranquilo, mais começo a crer que no caso do Eyeball essa parte dos colaterais pós procedimento mesmo quando bom profissional o realiza, também tem a ver muito com o organismo da pessoa pois cada caso é um caso, sempre escutamos de alguns que um foi diferente do outro e assim vai.

    1. Além de variação de corpo, tem a variação de profissional, materiais utilizados e quantidade de material injetado. Precisa realmente de muitos estudos sérios mesmo.

      Obrigada por escrever aqui, querido.

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