Foto: Aloria Weaver
Denver, capital do Colorado nos Estados Unidos da Américo, tem sido marcada e massacrada por constantes atentados armamentistas. Em 2012, em um de seus trágicos episódios, ganhou repercussão mundial quando um atirador assassinou 14 pessoas – e feriu ao menos 50 – dentro de uma sala de cinema, na estreia do filme Batman. Antes disso, em 1999, tivemos o caso de Columbine em que 2 estudantes assassinaram, dentro da escola, um professor e 12 colegas de classe. Michael Moore dirigiu o premiado documentário Tiros em Columbine (2002), já denunciando a fascinação das pessoas do norte da América por armas. Além de cinemas e escolas, temos registros de atentados similares em supermercados, ruas, festas de aniversário e etc, etc, etc…
Sem perspectiva de trégua, nesse sentido, na segunda-feira (28), um homem armado assassinou quatro pessoas e feriu ao menos três, novamente em Denver, como publicamos anteriormente AQUI, gente da nossa gente.
O ataque começou na parte da tarde, percorreu entre Denver e Lakewood e cessou, somente após o assassinato também do atirador. Os motivos do ataque seguem sendo desconhecidos até o momento, a identidade do assassino ainda não foi revelada.
Dentre as vítimas do recente ataque, infelizmente tivemos a body piercer Alicia Cardenas. Natural de Denver, com ascendência indígena, trabalhou na e pela comunidade da modificação corporal quase a sua vida inteira, com dedicação, amor e empenho.
Começou a trabalhar como body piercer profissional aos 17 anos de idade. Em 1997 abriu a sua primeira loja, um grande marco, dentro de uma indústria sexista e movida por homens. Atuou na direção da Association of Professional Piercers – APP, onde era membra desde 1999 e onde foi a primeira presidenta. Uma grande matriarca da comunidade. A biografia disponível no site de sua loja diz que:
“Alicia desfrutou profundamente da sua jornada nas modificações corporais com todos os seus altos e baixos, e continua a evoluir diariamente pelo seu amor pela arte e pela indústria.”
Profissionais do piercing e das modificações corporais, ao redor do mundo, manifestaram pesar pela brutal morte de Alicia. Luis Garcia escreveu nas redes sociais, que ela foi a razão dele ter chegado na APP e completou dizendo que “a indústria do body piercing perdeu uma das suas melhores pessoas, uma das mais influentes”. Matias Tafel mencionou em sua nota pública de pesar, o apoio de Alicia na luta das pessoas latinas na indústria do piercing.
Alicia Cardenas viveu 44 anos. Mulher, indígena, ativista, artista, profissional, mãe, filha, irmã, amiga… Evoluiu individual, pessoal e profissionalmente e, ao mesmo tempo, colaborou para que o movimento de transformação fosse coletivo. Modificou o seu corpo e transformou toda uma comunidade, uma indústria, abrindo portas e janelas para tantas outras pessoas se achegarem. Tristeza demais em anunciar sua trágica partida, tristeza demais saber que a sua potência de vida foi ceifada de forma tão rude e tão covarde e com uma violência sem sentido. Que a sua memória e o seu coração sigam com vida acesa e incandescente dentro de todas as pessoas da comunidade da modificação corporal. Como um sol.
Deixamos aqui as nossas condolências e profundos sentimentos para todas as pessoas que tiveram suas vidas tocadas por Alicia. Descanse em paz e nosso enorme agradecimento por tanto.
Arrecadação de fundos para família da Alicia, principalmente sua filha de 12 anos…
https://www.gofundme.com/f/support-for-Cardenas-family