Foto: Reprodução / Jornal Novabrasil
A notícia não é de hoje. Está tudo bem, o nosso tempo é outro. Aparentemente o tempo da sociedade normativa e hegemônica também o é. Quase sempre caminham ali pela idade média quando o assunto é o corpo. Ah! O corpo… Modificado seja o corpo.
A notícia que data 02 de Agosto de 2024 era ainda mais um desdobramento da bifurcação da língua feita pela Andressa Urach. Exibida pelo Jornal Novabrasil – que é da rede Nova Brasil FM – e apresentada pelo jornalista Heródoto Barbeiro, a notícia foi intitulada como “Bifurcação da língua: quando é pertencimento e quando é problema de saúde?“
Certamente um título nada sugestivo e nem indicando uma posição ou inclinação, afinal de contas o jornalismo é neutro, e sim, estamos sendo irônicas aqui. Assistimos um jornalista grande, da imprensa hegemônica, sendo desmontado em sua pequenitude em tentar falar sobre uma cultura que ele visivelmente desconhece. E, na realidade, desconhece a cultura da modificação corporal apenas em nosso recorte… Veja bem, veja bem…
Para responder a pergunta, colocada bem na energia do Fala que eu te escuto, foi convidado o psiquiatra Dr. Luiz Scocca, que é membro da Associação Americana de Psiquiatria e é médico colaborador do Hospital das Clínicas.
Dr. Luiz Scocca de maneira muito didática e enfática responde sorridente que é preciso diferenciar o que é patologia e o que é manifestação cultural. Segue sua explicação, reforçando que temos que entender que há um grupo de pessoas que fazem parte da cultura da modificação do corpo.
O jornalista insiste e tenta gerar um tom de sensacionalismo e alarmista, articulando categorias e termos que muito pouco ou quase nada se relacionam com a nossa cultura, demonstrando o seu desconhecimento. E mais uma vez sorrindo, Dr. Scocca frisa que se trata de um grupo que partilha dessas práticas culturais de modificações corporais e que, portanto, “não há nada de errado com isso“. Que essa relação não significa que há um transtorno psiquiátrico.
A curta matéria termina com jornalista Barbeiro dizendo “caramba”, enquanto o psiquiatra diz “pois é”.
E nós apenas esperamos que tenhamos mais doutores como Scocca colaborando para despatologização e a quebra de estigmas das nossas práticas culturais.
Ao jornalismo, bem…