Reconhecimento facial em pessoas freaks

Tem sido cada vez mais comuns que instituições – sobretudo bancárias e governamentais – exijam o reconhecimento facial. O que é defendido por essas instituições é que o procedimento ajuda no combate aos golpes e fraudes, ou seja, trata-se de uma suposta segurança.

Não vamos entrar no mérito dos riscos que o reconhecimento facial oferece, considerando o poder crescente e promíscuo entre as big techs, bancos e governos, como exemplo, Estados Unidos da América com os fascistas bilionários Donald Trump e Elon Musk. Ainda um exemplo brasileiro, a relação entre o Nubank e o Brasil Paralelo que é uma rede de desinformação com viés reacionário, conservador, conspiracionista e negacionista. Embora não tratemos disso aqui e agora, fica o alerta.

A verdade é que a tecnologia do reconhecimento facial é sensível e busca afinação e aprimoramento (fica o alerta). A instituição solicitante usualmente orienta que se esteja em local bem iluminado, sem óculos ou qualquer outro acessório. E como ficam as pessoas freaks com suas modificações corporais na face para conseguir acessar serviços que exijam reconhecimento facial? Aparentemente não ficam ou não são pensadas. Corpos e corpas freaks desestabilizam o sistema.

Ao longo do tempo tenho ouvido muito relatos de pessoas freaks sobre suas dificuldades com esses sistemas, que são serviços para o povo. Pessoas com tatuagens no rosto, alargadores grandes no lóbulo (ou outra região facial) relatam dificuldades de uso, assim como, pessoas com chifres e olhos pigmentados (eyeball tattooing) não conseguem o reconhecimento facial. Ou conseguem depois de uma maratona exaustiva.

Quando do meu cadastro no sistema .Gov o meu reconhecimento facial nunca era aceito e depois de muitas tentativas recebia um bloqueio de 24 horas. Após muita insistência – estou falando de dias – foi possível. Recentemente passei o mesmo em uma instituição bancária, após muitas tentativas sem sucesso busquei ajuda no atendimento e mudaram o procedimento para uma selfie com o RG, o que também não ajudou muito. Uma manhã toda perdida, muitas fotos enviadas, um total de cinco atendentes tentando ajudar e eis que a aprovação aconteceu.

Escrevo apenas para registrar o que tem acontecido com muitas, muites e muitos de nós freaks no acesso de serviços que utilizam a tecnologia. Importante dizer que escrevo com mais receio do reconhecimento facial do que qualquer outro sentimento, diante de tudo o que temos assistidos e com os dois exemplos, de tanto outros que poderiam ser citados.

Eles dizem que é protocolo de segurança. Nós, monstras e pessoas dissidentes, precisamos perguntar de volta: segurança para quem?