A tarde chuvosa do domingo, 01 de Setembro, lavava o início do mês na capital de São Paulo. Dentro do Good Stories Tattoo, estúdio localizado em Perdizes, o desejo era que a chuva lavasse e levasse para longe também as discriminações e violências relacionadas com as sexualidades e identidades de gênero dissidentes. E, assim, debaixo da chuva, lá estava reunido um grupo de pessoas comprometidas – ou no mínimo interessadas – em construir uma comunidade da modificação corporal sem LGBTQfobias.
Em qualquer momento da nossa história, um evento como esse, para a nossa comunidade, seria demasiadamente importante. No entanto, agora, no Brasil bolsonarista em que tudo parece tão carente de sentido, humanidade e obscuro, haver um evento assim, é um respiro de alívio. Para nós do FRRRKguys, ver a bandeira do arco-íris na janela de um estúdio é a marcação de um território seguro e habitável. Para algumas pessoas pode parecer pouco, mas para nós é algo simbolicamente gigante. É assumir o lado que se quer estar, sem temer. Atitude fundamental em tempos como os nossos e para uma comunidade como a nossa.
Evandro Nogueira, Pedro Garcia, Daniele Minami e Guss Ttr foram os profissionais da tatuagem envolvidos com o Flash Day. A tarde dominical era embalada por uma trilha sonora dançante da Dj Buba Kore.
A tarde de evento contou ainda com uma roda de conversa com a T. Angel intitulada construindo uma comunidade da modificação corporal sem LGBTQfobia, Momento em que todas as pessoas pararam, sentaram e se disponibilizaram a dialogar. T. Angel fez uma breve análise histórica sobre a presença (e ausência) LGBTQ+ na comunidade da modificação corporal, pontuando momentos de violências, discriminações e apagamentos, provocando para que pensássemos até quando precisa continuar sendo assim. Houve uma forte interação entre todas as pessoas, com trocas muito generosas de experiências, vivências e que colaboraram grandemente com todas as provocações.
A chuva não nos parou, ao contrário, abençoou o dia, como quem cobre em abraços quem quer bem. Que essa pauta esteja presente mais fortemente dentro das mais variadas áreas da comunidade da modificação corporal, para que tenhamos uma mudança radical e que possamos vislumbrar um futuro possível e – realmente – digno para todos os corpos. Todos, de verdade. A luta segue! Nós seguimos!