“Transcrições Consanguíneas” com Panamby e Filipe Espindola no Sesc Av. Paulista

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Transcrições Consanguíneas – Foto: Germaina Heibe

No dia 18 de Janeiro, dentro do programa Tornar-se ORLAN, acontecerá a performance Transcrições Consanguíneas com Panamby e Filipe Espindola.

Abaixo reproduzimos sinopse divulgada no site do Sesc:

Transcrições Consanguíneas é uma aparição de corpo sonoro, Panamby lê textos autorais ao microfone enquanto Filipe Espindola transcreve fragmentos da fala em suas costas utilizando uma máquina de tatuar sem tinta. No processo de escarificar, as palavras brotam sanguíneas no tecido vivo e geram um novo texto a partir do exercício da escuta em meio à verborragia e cacofonia.

Simultaneamente, Panamby produz camadas e texturas sonoras a partir da voz, looping, da captação do som da máquina de tatuar na pele através de microfones de contato DIY conectados ao corpo, e áudios de parentes de Panamby: Maria do Carmo, José Manoel e Rita Maria.

Como um importante aspecto de presença, o som é fio condutor de toda a ação.

Nesta versão do trabalho, serão condensados recortes de 10 anos de escritos, de 2013 a 2023, compreendendo gestos autobiográficos e inscrições de memórias coletivas: revoltas de 2013 até o golpe fascista; gestação-partopuerpério e o medo do escuro; emaranhar-se em águas de breu e mata densa; pandemia da COVID-19 e futurologias abissais. Histórias para atravessar a carne, desadormecer os sentidos. Feitiços lançados no tempo que alimentam a boca vermelha e preta do universo.

Expandindo esta ação, imagens captadas em tempo real da aparição mixadas a imagens de manuscritos dos textos lidos serão projetadas no espaço, a cargo do artista visual e vídeo maker Paulo Costa. Pensando também na acessibilidade do trabalho, os textos lidos serão legendados para o público não-ouvinte.

Um texto revelado pelo sangue que brota da pele através da escarificação, sulcos no tecido inscrevendo recortes da memória nele contida. Inscrever na carne as histórias silenciadas pelo punho de aço dos sistemas que nos regem. Texto-colcha-deretalhos que surge em fragmentos do que é dito, o texto falado entrecortado pelo ritmo próprio da escrita na pele. Tendo como ideia central o conceito de palimpsesto, as narrativas, autoficções, poesias, vômitos, rezas, dobram-se e se sobrepõem em jogos de opacidade e translucidez que alteram a todo momento os sentidos.

Criada em 2014, a aparição se materializou em três momentos. Primeiro durante a residência artística Promptus, no SESC Santo Amaro (SP), um resgate de histórias familiares: Pernambuco, Minas Gerais e os êxodos, nas vozes de José Manoel e Maria do Carmo, avô e tia de Panamby respectivamente; históricos médicos de quase morte do companheiro de performance Filipe Espindola, entrecortados pelo estampido das bombas de efeito moral das manifestações de 2013. Em 2015 com título “Sob o Sol das
Cabras”, no IV Simpósio Internacional Reflexões Cênicas Contemporâneas (org. LUME) no auditório do Instituto de Artes da UNICAMP, mais uma vez as memórias encruzilhadas. Em 2016 apresentada como qualificação de doutorado de Panamby, a ação levou a discussão para as hegemonias acadêmicas pautadas no eurocentrismo que solapam os saberes tácitos e ancestrais; um texto de revolta e revide.

SERVIÇO

Transcrições Consanguíneas com Panamby e Filipe Espindola
18 de Janeiro de 2024
Das 20:30 às 22:00
Sesc Av. Paulista
Grátis (Retirada de ingresso, 1 hora antes)

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