‘American Horror Story – Cult’ traz cena com suspensão corporal…

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Foto: reprodução

O texto contém spoiler. Não faremos uma análise sobre a série e sim restritamente  sobre a cena em que envolve a suspensão corporal. 

American Horror Story – Cult‘ que começou a ser exibido em 5 de Setembro de 2017, está em seu 5º episódio, intitulado como ‘Hole‘ e traz uma cena com suspensão corporal… Talvez fosse melhor não tê-lo feito. Explico adiante. 

No episódio um escravo sexual aparece suspenso em posição de coma. Antes da cena aparecer, o dono surge com as mãos cheias de sangue enquanto procura por um sorvete na geladeira. Na sequência seguinte temos assassinatos e assistimos os ganchos sendo rasgados no corpo do sujeito. Apenas como um adendo, em minha leitura foi uma suspensão corporal cênica, isto é, uma simulação. 

A maioria dos filmes e séries de grande produção e orçamento, trabalham com a suspensão corporal dentro de um viés exclusivamente negativo. É entre psicopatas, serial killers e torturadores que a suspensão corporal tem aparecido nesses espaços de gigantesca audiência e isso tem um ônus e um prejuízo social, principalmente para nós que vivemos essa cultura. O grande problema disso é que fica sendo apenas esse parâmetro que a maioria da população tem sobre o assunto, não existe um outro modelo sendo oferecido e, pelo que parece, não há nem ao menos o interesse que exista. É uma história de um lado só. Além disso, essa repetição sustenta a patologização sobre essa prática corporal e estigmas sociais sobre as pessoas que carregam em suas culturas essa prática de uso do corpo. 

Repito: a insistência em se mostrar a suspensão corporal apenas no âmbito da crueldade, perversidade e patologia, foge completamente de uma realidade que nunca foi mostrada (e talvez nunca seja, porque não geraria lucro). Então, a referência que a população vai ter será sempre essa: suspensão é coisa de psicopata e/ou de quem gosta de sofrer e/ou para fins de tortura. E nós que vivemos essa história em nossas peles, sabemos que não há sofrimento algum, muito pelo contrário.

Cult pero no mucho. Em tempos como os nossos em que a censura e a perseguição não tem dado trégua, não podemos desligar o senso crítico e precisamos cobrar que falem de nossas práticas com respeito ou que não falem. Talvez não falando o estrago seria menor. O episódio foi visto por mais de 2 milhões de pessoas, segundo o Show Buzz Dailys. Entende o peso disso? Pois. 

 

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