Fotos: Reprodução/Motherboard
Tim Cannon é um biohacker e recentemente implantou em seu antebraço um chip de computador que pode gravar e transmitir dados biométricos. Segundo o site Motherboard, é o primeiro procedimento do tipo e foi realizado por Steve Haworth, nos dias da BMXnet Conference.
Talvez seja interessante – aproveitamento o momento – uma releitura da matéria que fizemos sobre a proibição dos implantes subdermais (e transdermais) em Arkansas, Estados Unidos da América. Para isso CLIQUE AQUI.
A peça implantada – que não é pequena – conta com uma bateria que tem carregamento wireless.
Circadia 1.0
Chamado de Circadia 1.0, o implante pode gravar dados do corpo de Cannon e transferi-los para qualquer aparelho eletrônico com Android. O dispositivo implantado de modo subcutâneo é open-source, ou seja, permite controle total sobre como os dados serão coletados e utilizados.
O dispositivo foi criado por Tim Cannon e os colegas de companhia, a Grindhouse Wetware. Esse coletivo de hackers e artistas é bastante conhecido em Pittsburgh.
A primeira versão do Circadia é capaz de medir a temperatura do corpo e enviar o resultado em tempo real via bluetooth. Três luzes de LED servem para medir o status e atravessam a pele, sendo facilmente visualizadas e controladas.
A priori o dispositivo tem uma função bastante básica, mas é apenas um começo. A equipe está trabalhando no aprimoramento do sistema do Circadia, principalmente no que se refere sua conexão com a internet e igualmente na redução do tamanho da peça.
Eles já finalizaram uma atualização que permite a medição do pulso.
Cannon diz que acredita que nosso meio deveria ser capaz de ouvir mais o que está acontecendo com o nosso corpo, o que ele está nos dizendo e completa:
“(…) Por exemplo, eu tive um dia super estressante, o Circadia comunicaria essa informação para minha cara e preparia uma relaxante atmosfera para quando eu chegasse em casa: diminuir as luzes, preparar um banho quente.”
Procedimento
Segundo a matéria do Motherboard, o procedimento foi feito por Steve Haworth sem anestesia. O site aborda ainda a questão de que médicos não fazem esse tipo de procedimento por, dentre de uma série de questões, fugir daquilo que é considerado normal. Não vamos nem adentrar nessa discussão, só queremos deixá-la registrada.
O procedimento não foi filmado e tão pouco fotografado, ele é apenas mostrado finalizado. Para nós essa postura não está relacionada apenas com a delicadeza do procedimento, mas sim com o problemático embate entre médicos e body modifiers. Olhamos e entendemos essa “preservação” e “ocultamento” como um dos desdobramentos do hacktivism e que tanto vibramos.
É interessante esse cuidado – estético e também ético – e essa postura de Steve Haworth deveria ser aprendida por todos os profissionais que trabalham com as modificações corporais.
Acreditamos que os registros dos procedimentos deveriam ficar a cargo do profissional responsável e guardados apenas para estudos. A responsabilidade que acompanha a feitura do procedimento, deve ser estendida em como se manuseia esses registros. Desconfiem muito quando algum canal de mídia genérica quiser registrar o procedimento de modificação corporal. Igualmente prestem bastante atenção com aquilo que se compartilha na internet.
Corpo obsoleto
O trabalho de Cannon vai de encontro com a ideia de Stelarc de romper com as fronteiras do biológico e tenta – nas próprias palavras dele – hackear a a evolução por ela própria.
Em alguns meses a primeira produção em série do Circadia estará pronta. O preço estimado está em torno de $500 e será comercializado pelas redes sociais de alguns body modifiers, provavelmente, Steve Haworth.
Avante cyborgs!
Eduaro Kak fez isso no Brasil, filmado e transmitido pela TV Cultura há muitos anos atrás!