Body piercer canadense é vítima de crime de ódio por conta de suas modificações corporais

Foto: reprodução / Calvin Nicol

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Segundo o Comparison of Hate Crimes Rates Across Protected and Unprotected Groups os crimes de ódio, também chamados de crimes motivados pelo preconceito, são crimes cometidos quando o criminoso seleciona intencionalmente a sua vítima em função desta pertencer a um certo grupo. Sendo as razões mais comuns o ódio contra a vítima em razão de sua raça, religião, orientação sexual, identidade de gênero, deficiência física ou mental, etnia ou nacionalidade. Em outras palavras, é um crime social que se manifesta através de ataques físicos, ameaça de ataque, insultos e abusos verbais.

Dito isso, o artista e body piercer canadense Calvin Nicol (31 anos), em matéria do Ottawa Citizen, tornou público a violência que sofreu por conta de suas modificações corporais. Ele contou que enquanto voltava para casa do trabalho, por volta das 19:00 do dia 1 de Novembro, foi atacado por quatro homens na Rideau Street. Nicol contou que “eles praticamente só me chamaram de aberração com chifres, e mencionaram meus olhos e como eles iriam me dar olhos pretos” e completou dizendo que para ele “foi muito um crime de ódio, eu estava apenas andando e eles pularam em mim”.

Muitos insultos por conta de sua aparência e apesar de pedirem para que seus bolsos fossem esvaziados, nada foi roubado. O que fortalece a ideia de que era a violência pela violência, típica de crime de ódio. Sobre o ataque selvagem que sofreu, Nicol disse:

“Eles me encurralaram contra a parede. Começaram a me socar e minha cabeça estava batendo na parede de tijolos, em seguida eu vi um garoto arrancando uma faca então eu corri e, em seguida, um rapaz correu e me abordou. (…) Fiquei caído no chão enquanto todo mundo estava me chutando.”

O ataque deixou Calvin Nicol com ferimentos graves, incluindo um ombro fraturado e impactado, sendo necessário cirurgias. O médico já avisou que talvez ele não possa mais trabalhar como perfurador corporal.  O nariz também foi quebrado e o bridge piercing foi brutalmente arrancado.

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O body piercer canadense alega já ter sofrido discriminação em antigos locais de trabalho, mas que de modo geral, suas interações sociais são quase sempre positivas. Exceto por esse triste e vergonhoso episódio.

No dia 04 de Novembro a polícia canadense havia encontrado três suspeitos do ataque, e ainda segue investigando o caso.

Gostaríamos de dizer que esse é o primeiro caso de crime de ódio contra uma pessoa que tem o corpo modificado, mas não posso. Infelizmente não é o primeiro. No Brasil, percebemos que o crime de ódio contra as pessoas modificadas está sempre muito próximo da homofobia. Os insultos e abusos verbais partem do “isso é coisa de viado” (sic) e, por fim, desencadeando violência física. Em sua maioria, acontece de maneira covarde e brutal de um grupo contra uma minoria, a exemplo o próprio caso de Nicol, que eram quatro homens que o espancaram.

É um pouco assustador e desolador saber que isso tenha acontecido no Canadá. Por outro lado reforça a ideia de que temos muito trabalho pela frente.

Toda a nossa solidariedade para Calvin Nicol.

Referências

Comparison of Hate Crimes Rates Across Protected and Unprotected Groups (Stotzer, Rebecca. The Williams Institute, Jun.2007).

A Policymaker’s Guide to Hate Crimes (US Department of Justice)(pág. ix).

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