Body Piercing

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O body piercing sempre esteve presente na “cultura de corpo” do cotidiano de todos nós brasileiros. Ora pertencente aos nossos índios, outrora “maquiado” como brinco e agora em sua forma dita crua e moderna. Os punks dos anos 80 começaram a exteriorizar as perfurações corporais, mas foi nos anos 90 que tivemos o grande “boom” do body piercing no Brasil, somado das respectivas profissionalizações de alguns profissionais que ainda atuam por aqui e que inclusive (felizmente), puderam colaborar com esse artigo.

Com isso o que temos agora é uma super valorização do piercing – ainda que como mais um objeto de vaidade – e por um outro lado, uma infinidade de oportunistas que acabam atrapalhando o trabalho daqueles que realmente fazem e sabem o que fazem!

Por mais que soe conversa de “mãe zelosa”, todo cuidado ainda é pouco quando se trata de manipulações acerca do corpo. Existe uma gama de infecções e doenças passíveis de serem transmitidas através de um piercing incorretamente aplicado.

A busca de decorar o corpo, pode acabar se tornando um verdadeiro pandemônio se você não se cuidar.
Tenham sempre em mente: um corpo, uma chance!

Um bom diálogo e a busca de referências, assim como analisar o portfólio do profissional que você escolheu é procedimento de praxe e visa a sua segurança e a busca de qualificação dos próprios profissionais.

Nós do Frrrk Guys valorizamos as modificações corporais, desde que essas sejam feitas conscientemente e por profissionais realmente responsáveis e qualificados.

Para sabermos como está o cenário do body piercing no Brasil falamos com quatro representantes de peso do assunto e com isso conseguimos entender e aprender um pouco mais sobre técnicas, métodos e até mesmo dificuldades do body piercing, acompanhem!

Nota: Um dos entrevistados pediu para que fosse excluída sua entrevista. (19/01/2015)

T. Angel: Há quanto tempo vocês são body piercers?
André Meyer: Desde 1992, acredito ser o pioneiro em aplicações de jóias no corpo, primeiro profissional body piercer da América do Sul. Já existiam outros que faziam como o Sasha, a Zuba e outros tatuadores que se aventuravam em colocações, mas eu fui o primeiro a me sustentar só de piercing e foi muito difícil!
Pereira: Há 11 anos:
1997 – Tattoo Point – Ubatuba
1998 – Ilha Nativa Tattoo – Guarujá
2006 – Tattoo Yes – São Paulo
2007 – Led’s Tattoo – São Paulo
2008 – Tattoo You – São Paulo
Bianca Gattoni: Há 10 anos.

 

T. Angel: Como se deu o interesse pela arte de perfurar?
André Meyer: Pelo contato que tive com índios no Amazonas na minha adolescência, mas o que realmente me chamou a atenção foram alguns livros e revistas relacionadas à Tattoo. Além disso, meu amigo Marco Leoni e a Convenção de Tattoo no Projeto SP em 1990.
Depois o destino me levou à Londres em 92, onde tive contato direto com a body art nas ruas londrinas e na convenção de Dunstable na Inglaterra.
Pereira: Após ver fotos de pessoas perfuradas fiz uma pesquisa e fiquei impressionado com a história de Fakir Musafar, Doug Malloy e Jim Ward e foi a partir disso que surgiu o meu interesse por perfurações.
Bianca Gattoni: Foi uma questão de necessidade x oportunidade.

 

T. Angel: Quais os principais nomes do body piercing no mundo?
André Meyer: Fakir Musafar, Mister Sebastian. Jim Ward, Doug Malloy.
Da velha geração, Allen Falkner, Grant Dempsey, Jesse Jarrel, a galera da Gauntlet Body manipulation THC.
Pereira: Doug Malloy, Jim Ward, Mister Sebastian e Fakir Musafar, eles que resgataram nossos antigos hábitos para a vida moderna.
Bianca Gattoni: Doug Malloy

T. Angel:
Quais os artistas que te influenciaram?
André Meyer: Os mesmos que citei acima.
Pereira: Jairo Camargo
Bianca Gattoni: Na verdade, sigo uma linha de trabalho própria.

 

T. Angel: Comentem o cenário atual do body piercing no país?
André Meyer: No Brasil e no mundo a arte corporal só tem evoluído e estou feliz em ver para todos os lados um comportamento tribal na sociedade atual.
Pereira: A cena aumenta a cada dia que passa e isso é muito bom, o que estraga são aqueles que trabalham de qualquer forma, com preços desleais e jóias de má qualidade. Tirando isso está perfeito.

 

T. Angel: No final dos anos 90 tivemos um “boom” do body piercing no Brasil e a seqüela disso hoje, é encontrar em qualquer esquina “body piercers”, comentem dado fato:
André Meyer: Isso é efeito da globalização. Ainda bem que todos podemos ter informações e filtra-las, assim só se destaca os mais dedicados e disciplinados.
Pereira: Com o “boom” vários oportunistas, com os oportunistas os maus profissionais.
Veja, hoje uma pessoa que perde seu emprego, logo compra um “kit piercing” e sai perfurando sem nenhuma informação. Esse “boom” trouxe também uma variedade de jóias ruins, a maioria dos “profissionais” não tem a mínima noção da qualidade do material, por isso que o que mais vemos hoje são jóias com mau acabamento, cavidades entre a esfera e a zircônia, rebarba entre a esfera e a rosca, jóias feitas em latão, plástico, cobre, aço carbono, todos estes fatores levam a má cicatrização da perfuração.
Bianca Gattoni: Faltam bons profissionais no mercado. Hoje há muita gente sem nenhuma experiência trabalhando na área e ganhando dinheiro, enquanto profissionais com anos de trabalho acabam até desistindo da profissão. Body Piercing virou um cabide de emprego fácil, onde quanto mais louco e bizarro melhor. Parte culpa da mídia com seu sensacionalismo, parte culpa de algumas pessoas que insistem em procurar preço ao invés de qualidade, mesmo se tratando da própria saúde.

 

T. Angel: Existe algum evento voltado somente para o body piercing, qual sua idéia sobre a iniciativa de um evento do tipo num contexto geral?
André Meyer: Sim, participo desde 1998, ou seja, há dez anos da expo da APP (Association of Professional Piercers) em Las Vegas e também já colaborei com freak shows pelo Brasil, Europa e Estados Unidos. O que só acrescentou boas experiências e ótimas amizades.
Pereira: No Brasil ainda não, na América do Norte sim realizado pelo APP (Association of Professional Piercers).
A iniciativa é ótima, pois teria mais contato entre piercers, fornecedores e clientes. É sempre bom conversar com outras pessoas do ramo sobre materiais e técnicas de trabalho.
Bianca Gattoni: Desconheço algum evento específico na Brasil. por aqui o body piercing está muito ligado à tatuagem.

 

T. Angel: As convenções que temos nacionalmente, dizem serem voltadas para o body piercing também, no entanto, não vejo algo realmente segmentado e/ou claro para classe, como é isso para vocês?
André Meyer: Na verdade piercing não deve ser colocado de uma forma competitiva, pois as técnicas são diferentes e os profissionais devem se adaptar conforme o habitat, enfim, convenções que participei são organizadas com workshops e fóruns, informações de materiais, tecnologia, ética, joalheria e primeiros-socorros e etc.
É só para fortalecer a classe e dar cada vez mais segurança a população.
Pereira: As convenções não são voltadas ao piercing, mas temos alguns piercers que trabalham em convenções de tatuagem.
Acho que poderia ser mais divulgado o piercing nas convenções, a procura seria maior, sem contar que é um ótimo lugar para o cliente ter acesso a vários profissionais.
Bianca Gattoni: Eu acho que temos poucas oportunidades de desenvolvimento profissional na área. Em minha opinião as pessoas que gostariam de trabalhar com piercing deveriam ter uma base de conhecimento, uma estrutura melhor. Temos pouco investimento em se tratando de cursos ou workshops.

 

T. Angel: Existe alguma bibliografia para o assunto?
André Meyer: Inúmeras, só procurar na net!
Os meus preferidos: Marks of civilization, Modern Primitives, Return of the tribal, The eye of the needle, A brief history of the evolution of body adornment in western culture, Ancient origins and today.
Pereira: Modern Primitives, An investigation of contemporary adornment and ritual, Piercing Bible, Ezio Mamiya.
Bianca Gattoni: No Brasil é raro. Você consegue alguma didática em apostilas baseadas nos modelos de manuais estrangeiros.

 

T. Angel: Qual a forma que você se atualiza sobre técnicas, instrumentos e métodos de trabalho?
André Meyer: Amigos profissionais e viagens.
Pereira: Em relação à técnica de trabalho, cada piercer tem a sua e com o tempo ele vai se aperfeiçoando e vendo o que é melhor pra si próprio. Os instrumentos, sempre recebo catálogos com novidades da Wildcat e Industrial Strenght que são pioneiras no mercado.
Sobre o meu método de trabalho, venho seguindo as informações da APP a qual tem como objetivo, compartilhar informações sobre técnicas de trabalho, assim faço do meu trabalho uma profissão digna.
Bianca Gattoni: Hoje a grande arma de quem busca atualização é a internet. É interesse de cada um pesquisar o assunto.

 

T. Angel: Qual o preço médio de um body piercing?
André Meyer: De R$85,00 a R$250,00 a aplicação.
Pereira: Isso é relativo e de acordo com o material que cada um trabalha. Como meus piercings são todos importados têm jóias a partir de R$25,00 e a perfuração custa R$35,00.
Bianca Gattoni: Varia muito. Atualmente onde trabalho o valor da perfuração varia entre R$85,00 e R$250.

 

T. Angel: Quais seriam as carências para este universo?
André Meyer: Cada dia existem produtos novos no mercado, isto faz parte do capitalismo.
Pereira: Não há tanta carência, depois que inventaram a internet tem todo o tipo de informação, desde jóias até qualquer outro tipo de informação mais específica.
Bianca Gattoni: Profissionalismo, competência, preparação. Talvez o body piercing devesse ser levado mais a sério.

T. Angel: Deixe algum comentário que considere pertinente:
André Meyer: Respeite-se e respeite o próximo.
Pereira: Hoje em dia temos muitos picaretas fazendo a arte de perfurar um jeito simples de ganhar dinheiro, se todos os clientes antes de fazer uma perfuração se informarem logo isto vai acabar. Todo o cliente tem o direito de ser perfurado em um Studio limpo, por um perfurador consciente, que use vários pares de luva durante a perfuração, ser atendido por um perfurador profissional, tranqüilo e que te passe segurança e confiança. Ser perfurado por uma agulha nova e depois que seja descartada em um descarpack. Sempre se recusar a uma pistola para perfurar, exigir a jóia procurada, tanto na medida como no material, prata, cobre, chapeados, não são recomendáveis para perfurações corporais. Ser informado sobre os cuidados e ter consultas com o perfurador que tem a obrigação de responder todas as suas dúvidas.
Bianca Gattoni: Para quem está começando: informem-se, invistam em conhecimento e destaquem-se.
Para quem procura um profissional: procurem referências e indicações. Alguém que esclareça suas dúvidas e inspire confiança. Não se deixem levar por preço.
Para as autoridades: fiscalização. Fechem os estabelecimentos sem alvará de vigilância sanitária. Não adianta criar leis que na maior parte das vezes não são cumpridas. Acaba lesionando o profissional que trabalha honestamente. E são um risco à saúde das pessoas.
em total conhecimentos físicos e biológicos do corpo humano, porém são carentes de técnicas empregadas na pratica do body piercing.

Agradeço a atenção e colaboração dos piercers Pereira, Bianca Gattoni e André Meyer!

CONTATOS:
André Meyer
Pereira
Bianca Gattoni

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