Encontros: Comercial de Dia dos Pais da C&A fala sobre diversidade e tem pai tatuado

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Foto: reprodução / Youtube

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“Pois eu não volto pra cozinha, nem o negro pra senzala, nem o gay pro armário. O choro é livre (e nós também).”
Pitty

Para algumas pessoas – que querem fazer a manutenção do status quo e de seus respectivos privilégios – o mundo está ficando chato. Para outras, o mundo está em vias de transformação no que se refere a relação daquilo que se entende por diversidade. Com isso lá no horizonte vislumbramos a construção de um mundo plural, com representatividade, que talvez para quem sempre esteve e se viu representado em tudo, pode não significar muita coisa. Mas para nós significa, inclusive fazemos coro com os que gritam: representatividade importa!

Ao que parece as grandes empresas ao redor do mundo já entenderam que o mundo está em transformação, para quem acompanhou as campanhas publicitárias do último 28 de Junho de 2016 – dia internacional do orgulho LGBT –  pode perceber o que estamos falando. Pode perceber que queremos ver todos os tipos de corpos e subjetividades sendo representadas, não mais como caricaturas racistas e estereotipadas. Não aceitamos mais migalhas que nos desumanizam e nos demonizam e, também por isso, o senso crítico precisa estar o tempo todo ligado e aguçado, no sentido de entender se estão a nos representar, como isso está sendo feito e para que e quem exatamente isso tem acontecido.

A nova campanha publicitária da multinacional C&A vem a somar com o que estamos falando e traz combinações improváveis. O comercial traz a assinatura ‘Misture, ouse e surpreenda’ e dá continuidade à estratégia da marca de se posicionar em defesa da diversidade e contra qualquer tipo de preconceito e estereótipo. Importante mencionar que a empresa tem recebido constantes ataques das alas reacionárias e conservadoras da sociedade já faz um tempo. A exemplo de uma cantora gospel brasileira que usou as redes sociais para dizer que empresa estava fazendo uma “imposição da ideologia de gênero”. Bem, dentro de uma sociedade heteronormativa e cissexista, a única ideologia de gênero que historicamente tem sido imposta e vigorado com toda força é a cisgênero, mas a moça obviamente ignora a informação e diz que não sabe porque obviamente esse é o negócio dela. As moedas tilintam para a próxima bota de couro de python da moça.

A atual campanha do Dia dos Pais da C&A foi criada pela AlmapBBDO, a propaganda será veiculada nas emissoras abertas em todo o Brasil e na internet, em versões de 2 minutos e de 60, 30 e 15 segundos e já está disponível no Youtube. A imprensa de modo geral tem focado na questão da família homoafetiva e que bom que se falem sobre essa questão, mas é possível expandir um pouco o olhar e discussão.

Indo para o vídeo, em um primeiro olhar nos grupos de pessoas que o filme traz, já podemos identificar uma variedade de corpos e subjetividades. Pessoas brancas, negras, asiáticas em fileiras. A peça brinca com a construção estereotipada que temos sobre as pessoas, com base naquilo que eles aparentam ser. Nesse esquema surge de um lado a figura forte de um pai tatuado e de outro a imagem igualmente forte o de uma filha tatuada. A cena escorre e caminha para o final que são os encontros entre os pais e seus respectivos filhos e filhas e aí é onde mora a surpresa. Sorrisos e pequenos gestos de afeto quebram a dureza das personagens tatuadas e vemos que se tratam de humanos.

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A importância de se trazer um pai e uma filha tatuada em uma peça publicitária não deve ser pormenorizada. Trazer a discussão que famílias podem ser compostas por “combinações” diferentes é igualmente importante. Pessoas com muitas tatuagens ainda são estigmatizadas e excluídas socialmente, ainda são vistas como aquilo que não é bom ou aquilo que não pode prestar. Para muitas pessoas encharcadas nas águas do preconceito não existe a ideia de ser pai – um bom pai – com tatuagens. Inclusive esse é um dos argumentos violentos que se utilizam para deslegitimar as experiências e vivências de pessoas muito tatuadas: “e quando você for mãe?“; “e quando você for pai?“; “e quando você envelhecer?“; são as questões que se repetem de pessoas que claramente ficam incomodadas com essas identidades (ou com qualquer outra que seja diferente da sua própria), como um eufemismo para você não pode existir assim.

De um jeito emocionante e com forte trilha sonora, o comercial “Encontros” reforça a proximidade entre pais e filhos, mostrando que a força desta relação de amor vai além das diferenças de personalidade, atitudes e opções”, afirma a C&A, em material de divulgação da campanha. A trilha sonora composta pela produtora Satélite, com exclusividade para o filme, e interpretada pelo cantor belga Thomas Oosterlynck, da banda Amongster, estará disponível para download no site da marca a partir desta quarta-feira.

Misturem-se, promovemos a diversidade, toda ela. Abaixo você pode conferir o comercial.

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