Foto: reprodução/Getty Images for Sony
Miguel é um cantor, compositor, produtor musical e guitarrista norte-americano. Na última sexta-feira, 25 de Agosto, o artista apresentou uma prévia especial no Sony Studios para seu mais novo álbum, Viscera. A sua base de fã, principalmente a digital, foi surpreendida com sua performance ao vivo com suspensão corporal. Entre avisos de gatilhos nos sites e redes sociais de notícias, muitas pessoas chocadas escreveram horrorizadas sobre o quanto desaprovam a prática. Algumas pessoas, por sua vez, escreveram: “silêncio, a internet está descobrindo a suspensão corporal”.
O ponto é que a experiência colocada no palco em 25 de Agosto não foi a primeira de Miguel. Em 07 de Junho, o artista já havia postado em seu Instagram uma foto em que aparece de costas com a camiseta cheia de sangue.
No seu canal no Youtube, nos vídeos SID, Rope e Numb.9, publicado entre Maio e Junho, temos um registro em que ele se prepara para perfurações nas costas. Teremos um videoclipe com suspensão corporal? Mais que um, talvez? Veremos…
A equipe de suspensão corporal responsável pelo procedimento foi encabeçada por Steve Truitt com Neil, Catarina Taylor e Daisy. Importante destacar a experiência de Truitt com suspensão corporal para grandes shows, o profissional trabalhou bastante com as suspensões nos shows da banda estadunidense Jane’s Addiction, além de trabalhos paralelos com o Dave Navarro. Inclusive, precisamos escrever sobre tudo isso em algum outro momento.
A verdade é que a suspensão corporal relacionada com videoclipes e shows musicais não é algo novo em nada. O que não perde o significado e a significância que Miguel quis explorar em seu trabalho, é apenas uma pontuação sobre a história da suspensão ligada com a indústria da música. Pensando essa relação, além da já mencionada Jane’s Addiction, a banda de metal belga Amenra também já utilizou a suspensão em seus shows e vídeos. No Brasil, por exemplo, tivemos as bandas Diva Muffin e Necrobiotic articulando a mesma dinâmica de uso da suspensão em clipes e shows. E é sempre importante lembrar que o rapper norte-americano Eazy-E (1964-1995) lançou o videoclipe para música Any Last Werdz, em 1994, em que contava com uma cena de suspensão corporal.
Nós do lado de cá, vibramos em ver a suspensão corporal sendo mais uma vez utilizada por grandes artistas da música. Vibramos ainda, um tanto mais, em vê-la fora do circuito metal, punk, rock e alternativo (que é a caixinha que nos colocam enquanto história única) e da branquitude. Ver um artista negro levando a suspensão corporal para outros públicos é revigorante em uma cena tão, tão branca. Além do olhar da rejeição e discriminação depositado na prática (e praticantes), que algumas vez esquecemos o tamanho e a força, temos certeza que esses movimentos ajudam na propagação e fortalecimento da cultura e abrem janelas para que mais pessoas se acheguem. Ainda que não para se suspender, mas para conhecer a cultura (enquanto uma cultura de fato) e elaborar uma outra forma de percebe-la.
Voa, Miguel!