Muitas pessoas ao redor do mundo modificam as suas orelhas para ficarem com pontas. Algumas imagens que podemos utilizar como referência são as orelhas de Elfo, do mundo da fantasia, como também dos vulcanos de Star Trek, do universo da ficção científica. Algumas imagens e personagens do folclore brasileiro também trazem as orelhas pontiagudas, assim como alguns deuses, super-heróis de quadrinhos e figuras de anime e mangá.
Até muito recentemente o procedimento mais utilizado para esse tipo específico de modificação da orelha, foi o ear pointing. Segundo o BMEzine e o documentário Flesh & Blood (2006), é provável que o body modifier Steve Haworth tenha inventado o método e que o Stalking Cat (1958-2012) tenha sido um dos primeiros a testar o procedimento.
Os anos passaram e uma série de novas técnicas surgiram e outras tantas ainda estão em processo de estudo. Tudo isso para aprimorar o design final da orelha, reduzir riscos e facilitar o processo durante e depois do procedimento. No mais, é importante dizer que a modificação da orelha através do corte, remoção de tecido e sutura, se trata de um procedimento bastante complexo. Há inúmeros casos registrados de falha, que vão de orelhas que não ficam iguais até aqueles em que as pontas não permanecem depois da cicatrização. Também é alto o número de insatisfação com o resultado final e o grande problema é que dependendo da quantidade de tecido que for removida, é um processo irreversível.
Pensando em tudo isso o body modifier brasileiro Daniel Rodrigo iniciou um estudo para criar pontas nas orelhas através do uso de implante de peças de teflon. Após a insatisfação com alguns trabalhos utilizando o método tradicional de corte, remoção e sutura, ele nos contou que:
“No decorrer dos procedimentos cirúrgicos que realizei eu percebi que cada processo de cicatrização acontecia de uma forma diferente. Os dois últimos procedimentos que fiz eu percebi que os clientes tiveram uma reação diferente. O primeiro teve uma reação positiva, porque curtiu o formato da ponta e o segundo não, ele achou que deformou muito a aba da orelha…”
Ainda, Daniel disse que aproximadamente há quatro meses, conversando com outros profissionais sobre a técnica tradicional do ear pointing, recebeu a sugestão de Digo Body Art de Gramado, Rio Grande do Sul, para implantar uma peça de PTFE na hélice da orelha. Inclusive, Digo fez o primeiro modelo de peça. Além disso, o trabalho de Alexcibe Cubensi foi apontado como sendo o percursor no uso de implante para formação de pontas nas orelhas, sua orientação foi bastante importante para realização do segundo caso que falaremos mais adiante.
Por fim, os primeiros estudos já apontam como benefício a possibilidade de reversão do “novo” procedimento. Se tratando de um processo experimental, é algo a ser levado em consideração. Até o presente momento houveram dois testes práticos no Brasil, em duas pessoas distintas. Falaremos sobre eles um pouco mais, ficamos bastante otimistas com os resultados.
Primeiro caso:
Realizado no dia 03 de Agosto, o procedimento foi inicialmente um sucesso. No entanto, a peça utilizada era bastante pontiaguda, o que causou atrito em excesso na cartilagem e precisou ser removida. Daniel nos contou que:
“Era a primeira peça fabricada por mim, acabei a deixando grande e muito pontuda. Machucou muito a pele que envolve a cartilagem, tivemos que remover e fazer o procedimento cirúrgico (lembrando que estávamos cientes que seria um teste e que poderia ser removido sem deixar sequelas)”
Importante se atentar ao fato de que havia um consenso e esclarecimento entre ambas as partes de que tratava de um procedimento experimental e com chance de erro. Tal esclarecimento (que deve acontecer sempre) é de suma importância para que o aprimoramento técnico não esteja esvaziado do ético.
(Primeira peça utilizada)
(Primeiro experimento, registro após o implante)
Segundo caso:
Novos estudos foram feitos para a produção de uma peça menor e adesão desta ao corpo. No dia 18 de Agosto houve uma nova tentativa. Além do formato da peça, o corte a aplicação também foram diferentes em comparação com a primeira vez. A ideia com esse segundo caso é se apropriar do uso de gerações nos implantes (muito comum nos procedimentos na cabeça), isto é, usa-se uma peça pequena (usualmente chamada de primeira geração) que possibilita a expansão da pele e sequencialmente troca-se, caminhando para segunda, terceira geração e assim por diante.
(Segunda peça utilizada, menor e de acordo com a anatomia da orelha que foi aplicada)
Esse mês completa-se dois meses que o procedimento foi realizado. Segundo o que Daniel nos disse, a pele que envolve a cartilagem está saudável e sem danos.
(Dois meses de implante)
Abaixo uma foto do acompanhamento que foi realizado.
Considerando a multiplicidade da anatomia humana, fica claro que deverá ser criada uma peça adequada e específica para cada orelha. Em alguns casos sendo maiores e outros menores, mas sempre levando em consideração essa análise e averiguação prévia.
Os próximos passos envolvem um estudo com a utilização de peças de silicone. O que melhoraria ainda mais a chance de sucesso da “nova” técnica. A dificuldade ainda ronda o quesito de produção e fabricação da peça em silicone. Como dissemos, não é possível trabalhar com a ideia de uma peça padrão, uma vez que cada orelha apresenta uma anatomia diferente.
Seguiremos acompanhando esses estudos e havendo novidades escreveremos novamente por aqui.
tenho interesse em fazer orelhas de elfo,eu tenho bastante tattoos, e tive alguns piercings, mas seria minha primeira modificação,sou de porto alegre,vou deixar a coisa se desenvolver um poco mais prima,mas acredito que pra dois casos ta otimo