Body piercer de Brasília faz crítica a destruição da biodiversidade do Cerrado

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Fotos: Pamy Kissiane

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“Numa sociedade decadente, a Arte se for verdadeira, deve também refletir decadência, e a menos que queria trair sua função social, a Arte deve mostrar o mundo como mutável e ajudar a mudá-lo”
Ernst Fischer

A body piercer Luiza Lenzi de Brasília criou em 2014 um trabalho super potente que misturou a fotografia, arte corporal e ativismo. Este é um daqueles momentos que a gente pensa – com um certo tom de lamento – como demoramos tanto tempo para ter contato com esse trabalho e se valendo do mais clichê dos ditos, “antes tarde do que nunca“.

O projeto recebeu o título de “O Presságio” e foi divulgado através do Facebook de modo bastante didático, com fotos inclusive contando as etapas do processo. Abaixo divulgamos as imagens e reproduzimos os textos da autora do projeto.



11084264_1561026210813857_6816111321376281260_n“Antes de iniciar o procedimento, a marcação foi feita com papel carbono, para facilitar na simetria daobra. O tecido da modelo passou por processos de antissepsia, utilizando Clorexidina 2% Degermante, alcool 70 e soro fisiológico.”

10994598_1561026224147189_8651349461405689761_n“Nessa foto pode-se observar que foram usadas tanto agulhas americanas (acima) quanto cateter.”

10930151_1561026207480524_8393229717815388533_n“Com todas as argolas, antes de inserir as flores.

10382859_1561026227480522_3000558043126080050_n“Para colocar as flores, primeiramente inseri o “caule” com as joias fechadas. Depois, abri as joias para inserir o restante com mais facilidade. São flores artificiais, previamente higienizadas,’

A piercer diz que uniu duas paixões – o Cerrado e a arte corporal – que quando aproximadas deram origem à obra que aqui escrevemos. Abaixo reproduzimos na íntegra as palavras de Luiza:

“O Cerrado é uma paisagem de alta biodiversidade. Esta vem sendo, com o passar dos anos, extremamente prejudicada por ações antrópicas, como o fogo.
O fogo no Cerrado raramente ocorre de maneira natural.
O homem, em sua ignorância, incendeia a vegetação e não percebe que essa ação indiretamente também o prejudica.

O Presságio vem sendo um pressentimento, uma intuição, daquilo que vem ocorrendo a tempos, cuja resposta encontra-se dentro de nós mesmos. Onde aquele que faz maldade, é o que se vê prejudicado.

Por isso, na obra, a pessoa é o ipê amarelo (Handroanthus serratifolius), o ipê amarelo é a pessoa e ambos se encontram em solidão em meio a devastação.

Esse projeto expandiu minha mente e abriu diversos novos horizontes para futuros trabalhos de Play Piercing, por isso, agradeço a todos aqueles que me ajudaram a materializá-lo.”

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Temos a impressão que o play piercing tem sido utilizado em terras brasileiras, principalmente para a produção de construções estéticas e técnicas, como também vemos algumas incidências no campo do erótico e do autoconhecimento, de testar os limites psicofísicos. Luiza Lenzi nos mostra que é possível pensar o procedimento esteticamente, tecnicamente e, indo além, extrapolar a própria discussão que ronda a biopolítica, alcançando pontos tão profundos quanto e, que carecem que nos voltemos com maior atenção e frequência. Salve o Cerrado!

FICHA TÉCNICA
O Presságio
Projeto: Luiza Lenzi
Fotografia: Pamy Kissiane
Material utilizado:
64 argolas de aço inox de 1,0 x 9,0 mm (espessura x diâmetro)
Agulhas americanas e catéteres de 1,2 mm.
Flores artificiais

Para o procedimento, os materiais estavam devidamente esterelizados e foram utilizados todos os equipamentos de proteção individual (EPI), para que não houvesse nenhum tipo de complicação.

CONTATO
https://www.facebook.com/lenzi.piercer

 

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